Barraco de Família, nova comédia brasileira dirigida por Mauricio Eça (A Menina que Matou os Pais/O Menino que Matou Meus Pais) traz uma trama central bem interessante e super atualizada, mas acaba falhando na execução e deixa um leve gostinho amargo na boca. Mesmo com um elenco de peso que conta com grandes nomes como Cacau Protásio, Sandra de Sá, Nany People e Robson Nunes (além da rápida participação de Péricles, como estreante no cinema nacional), o filme, infelizmente, não diverte e nem comove o suficiente.

A falha lição de moral de Barraco de Família
O filme nos apresenta Kellen (Lellê), uma garota da Zona Leste de São Paulo que acaba estourando repentinamente na internet após o irmão Quequé (Robson Nunes) publicar um vídeo seu cantando.
Logo ela acaba virando a nova sensação do Funk, agenciada por Rick (Hugo Gloss) e deixando sua família e, principalmente, suas raízes para trás. Um ano após virar as costas para tudo e todos, ela precisa voltar para a periferia para tentar provar aos seus fãs que ainda amava o lugar de onde veio – após ter sido cancelada pelo vazamento de um vídeo onde desdenha do lugar.
Há uma boa intenção em trazer pautas como cancelamento, pessoas bem-sucedidas que têm vergonha de suas raízes e perdão, mas acabam por se tornarem um pouco superficiais e mal desenvolvidas. Tudo acaba se resolvendo rápido e fácil demais.

A música é uma adição muito bem-vinda!
Não podíamos ter uma artista pop no papel principal sem ouvir suas músicas, não é mesmo? E, esse pra mim, é um dos maiores acertos do filme! É uma delícia ouvir a voz com o sotaquezinho carioca bem característico da Lellê (que também é cantora e dona de hits como “Superpoder” e “Nega Braba”) embalando dois hits bem carregados de pop e funk com “Obra de Arte” e “Só Colar”. Os clipes musicais presentes no filme são bonitos, divertidos e extremamente vibrantes!
Destaque também para a música homônima “Barraco de Família” do Péricles que mistura pagode com funk e embala os momentos finais do filme.
Afinal, faltou foi barraco
Como alguém criada na periferia do Rio de Janeiro, estava na expectativa de me conectar com a história desses personagens e poder mergulhar na nostalgia e relembrar os barracos que presenciei dentro da minha própria família no subúrbio carioca. A verdade, é que dei mais risadas sozinha pensando nesses momentos enquanto rolavam os créditos, do que durante os 85 minutos do filme.
Infelizmente, nem mesmo Cacau Protásio, com toda sua presença e talento cômico, consegue brilhar no papel de Cleide. A sensação é que ela foi totalmente subutilizada ou que talvez não tenha tido liberdade criativa suficiente para desenvolver sua personagem. Sua relação com Kellen, e com o restante dos integrantes da família, não decola nem para a comédia e nem para o drama, o que é mesmo uma pena.
Mas, para encerrarmos, seria impossível não citar a relação de Kellen com sua melhor amiga Jéssica (Jennifer Nascimento) que, sem sombra de dúvidas, é a melhor dinâmica construída nesse filme. As duas atrizes têm tanta química que foi impossível para mim, emotiva que sou, não deixar que os olhos suassem um pouquinho numa cena um tanto quanto piegas, mas muito bonitinha sobre a amizade das duas.
Barraco de Família estreou 11 de maio nos cinemas de todo país.