O aguardado “Neon Pill” do Cage The Elephant, enfim, chega após cinco anos tumultuados. Os roqueiros do Kentucky, ainda frescos da vitória do Grammy por “Social Cues”, não esconderam suas lutas. Afinal, Matt Schultz, o vocalista da banda, enfrentou demônios pessoais, problemas legais e a perda de seu pai ao lado de seu irmão Brad, o guitarrista base da banda.
Enfrentando a escuridão
“Neon Pill” reflete essa montanha-russa. A faixa de abertura “HiFi (True Light)” dá o tom, com Schultz se declarando “como uma onda gigante, um livro aberto”. O álbum não foge da vulnerabilidade. A faixa-título, um número cativante e energético, mergulha em um relacionamento doentio, uma “pílula de neon” da qual o protagonista não consegue escapar.
Mas “Neon Pill” não é só escuridão. Isso porque primeira metade explode em energia, as faixas fluindo perfeitamente umas nas outras. Inclusive, músicas como “Rainbow” e “Float Into The Sky” mostram o talento da banda para criar melodias contagiantes.
Entretanto, o álbum muda com “Out Loud”, uma balada sombria. A saber, Schultz confronta os erros do passado e a dor de deixar sua casa pelos seus sonhos, uma possível referência à mudança da banda do Kentucky no início de sua carreira. Esse clima introspectivo continua em “Ball and Chain”, revelando um lado funk do Cage The Elephant, antes de “Shy Eyes” mostrar sua versatilidade que transcende gêneros.
O álbum termina com a melancólica “Over Your Shoulder”. Schultz reflete sobre a natureza fugaz da vida. Dessa forma, oferece consolo no fato de que “cada estação vai passar”. De fato, é um final comovente, um lembrete de perseverança em meio às dificuldades.
Um retorno poderoso
“Neon Pill” é um retorno poderoso do Cage The Elephant. É uma exploração crua e honesta de suas lutas, mostrando tanto vulnerabilidade quanto resiliência. O álbum combina perfeitamente seu som característico com explorações sonoras inesperadas, solidificando seu lugar como uma banda que não tem medo de ultrapassar os limites.
Embora alguns possam achar a energia frenética da primeira metade cansativa, a segunda metade introspectiva oferece um equilíbrio satisfatório. No final, “Neon Pill” é uma audição catártica, um testemunho da capacidade da banda de transformar a escuridão em música cativante.
Em um mundo em constante mutação, onde tendências surgem e desaparecem rapidamente, “Neon Pill” se destaca como um álbum atemporal. As emoções que ele explora são universais e ressoam com ouvintes de todas as idades e origens. É um álbum que você vai querer ouvir repetidamente, descobrindo novas camadas de significado a cada audição.
Conclusão
“Neon Pill” não é apenas um álbum de música, é uma obra de arte completa. A capa vibrante, desenhada pelo próprio Matt Schultz, captura a energia caótica e a beleza melancólica do álbum. As letras poéticas de Schultz são complementadas pela instrumentação poderosa da banda, criando uma experiência auditiva imersiva e inesquecível.
Em última análise, “Neon Pill” é uma celebração da resiliência do espírito humano. É um álbum sobre superar a adversidade, encontrar cura e abraçar a esperança. É uma mensagem poderosa que soa tão verdadeira hoje quanto sempre.
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