Eddie Murphy foi apenas um jovem de 19 anos quando desempenhou um papel crucial em salvar o “Saturday Night Live” da irrelevância, e ainda em seus vinte e poucos anos, ele se tornou uma estrela de cinema gigante com filmes como “48 Hrs.” (1982), “Trading Places” (1983) e “Um Tira da Pesada” (1984). Este último foi quase uma comédia de ação perfeita para seu tempo, catapultando Murphy ao status de ícone. Agora, trinta anos depois de sua última aparição como Axel Foley, Murphy retorna em “Um Tira da Pesada 4: Axel Foley”, uma produção da Netflix que tenta resgatar a magia original. Embora o filme tenha momentos nostálgicos agradáveis, ele falha em trazer algo novo ou excitante.
Um Retorno Nostálgico ao Passado Glorioso
Dirigido pelo australiano Mark Molloy, que faz sua estreia em longas-metragens, “Axel Foley” começa com uma sequência de assalto ambientada em Detroit, lembrando o filme original. A cena, acompanhada pela música “The Heat is On” de Glenn Frey, mostra Axel interrompendo um roubo no vestiário do Detroit Red Wings durante um jogo. Axel, ainda vestindo seu adorado merchandise do Detroit Lions, comanda um limpa-neves e persegue os bandidos pelas ruas de Detroit. A nostalgia continua com a música tema “Axel F” de Harold Faltermeyer e “Shakedown” de Bob Seger, além de “Neutron Dance” das Pointer Sisters tocando nos primeiros trinta minutos do filme. Em seguida, Axel retorna à delegacia e é recebido com aplausos sarcásticos de seus colegas, incluindo o agora Vice-Chefe Jeffrey Friedman, interpretado novamente por Paul Reiser.
A sequência inicial estabelece o tom: este filme é uma homenagem aos originais “Um Tira da Pesada”. No entanto, a trama logo revela-se um pastiche de elementos dos primeiros filmes, sem trazer frescor. O retorno dos personagens John Taggart (John Ashton) e Billy Rosewood (Judge Reinhold), e até mesmo Serge (Bronson Pinchot), soa forçado e exaustivo. É difícil ignorar que Taggart, pela linha do tempo, deve ter mais de cinquenta anos de serviço na polícia.
O Peso do Passado e a Busca por Renovação
A trama principal leva Axel de volta a Beverly Hills após um telefonema de Billy, alertando-o que sua filha distante Jane (Taylour Paige), uma advogada de defesa representando um acusado de matar um policial, está em perigo. Este enredo lembra muito a dinâmica de John McClane e Lucy Gennero-McClane em “Duro de Matar 4.0”. Conforme Axel investiga o Caso Que Vai Muito Mais Fundo Do Que Qualquer Um Poderia Imaginar, o filme desperdiça uma série de atores talentosos em papéis subdesenvolvidos. Joseph Gordon-Levitt aparece como o Detetive Bobby Abbott, antigo interesse amoroso de Jane; Luis Guzmán é um chefe do crime caricato; e Kevin Bacon interpreta o Capitão Cade Grant, cuja verdadeira natureza é previsível desde o início, eliminando qualquer sensação de mistério.
Apesar da resistência inicial de Jane em relação ao pai ausente, sabemos que eles eventualmente se unirão para desmantelar a quadrilha que ameaça suas vidas. Carros vão colidir, sirenes vão soar e balas vão voar em várias ocasiões. Além disso, há espaço para momentos de terapia familiar, como a interessante tensão entre a carreira de Jane, que defende criminosos, e a de Axel, que os prende.
Conclusão
“Um Tira da Pesada 4: Axel Foley” é a definição de entretenimento passável, confortavelmente nostálgico. É visualmente agradável, e é maravilhoso ver Eddie Murphy revivendo um de seus papéis mais icônicos, infundindo-o com a energia que faltou no terrível “Um Tira da Pesada III”. No entanto, é decepcionante que, após três décadas, a reunião resulte em uma execução previsível e rotineira de elementos antigos. O filme carece da sensação de risco e ameaça genuína que permeava a comédia do primeiro filme, resultando em uma experiência que é mais uma lembrança calorosa do que uma inovação excitante.
Molloy se esforça para manter a chama viva, mas a centelha que fez de “Um Tira da Pesada” um clássico não se acende totalmente em “Axel Foley”. Murphy continua carismático, mas a falta de originalidade e a abundância de clichês impedem que o filme alcance o potencial que poderia ter tido. Para os fãs da franquia, há momentos de deleite nostálgico, mas para aqueles que esperam algo novo e empolgante, “Axel Foley” pode deixar a desejar.
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