Pisque duas vezes se estiver em risco
Não é novidade para ninguém que no filme Pisque Duas Vezes iremos presenciar cenas perturbadoras em uma ilha paradisíaca, afinal o trailer já te deixa ciente disso. Ainda sim, será que você de fato prestou atenção na mensagem e nas imagens projetadas em um vídeo de menos de 5 min. Vem com a gente nesse texto que vou explicar melhor, mas sugiro que preste muita atenção no que irá ler.
Um Choque de Realidades e a Construção da Tensão
O contraste entre os mundos da garçonete Frida (Naomi Ackie) e do bilionário Slater King (Channing Tatum) estabelece o tom da narrativa. A trama de “Pisque Duas Vezes”, já no primeiro ato do longa, temos esse choque de realidade, uma mulher que está passando por dificuldades financeiras, um emprego ruim e baixa auto estima e um cara que atrai a atenção de todas e acaba comprando uma ilha por estar entediado.
Esses dois mundos colidem, quase em um conto de fadas e uma faísca instantânea e o convite para um paraíso particular desenham o cenário para uma jornada, aqui eu faço um adendo, tudo acontece muito rápido, fato, mas somente que já se sentiu invisibilizado sabe o efeito que é se sentir visto e talvez e isso ajuda a explicar o fato de não ver alguns detalhes que serão importantes
A ilha paradisíaca, inicialmente um refúgio de prazeres e excessos, revela-se um palco para jogos de poder e manipulação. A fotografia e o cenário apresentem uma estética visual impactante, para quase todos os lugares que você olha no filme, as cores Vermelho (Perigo) e Amarelo (Alerta) estão presentes. Além de uma trilha sonora que intensifica a tensão.
Além do Terror: Uma Crítica Social Impactante da diretora Zoë Kravitz
A obra de Zoë Kravitz se insere em um movimento cinematográfico que tem ganhado força nos últimos anos, o terror social, onde as convenções do horror são utilizadas como um bisturi para dissecar as feridas abertas da nossa contemporaneidade. Nesse universo cinematográfico, o terror transcende os monstros e os fantasmas, transformando-se em um reflexo das nossas próprias sombras.
A experiência cinematográfica, antes marcada pelo susto e pela tensão, agora se torna uma jornada introspectiva, um convite a confrontar os demônios que habitam o nosso interior e a nossa sociedade.
O Terror como Espelho da Realidade
O filme nos convida a confrontar nossos próprios medos e a questionar as estruturas de poder que moldam a nossa sociedade. Pare para pensar, quantas mulheres já relataram que não se sentem seguras em ambientes de maioria homem, ou sair para determinados lugares sozinhas. Quantas pessoas em situação de vulnerabilidade, sentem inseguranças quando seus caminhos cruzam interesses de pessoas extremamente ricas. E por fim, quantos casos de impunidade ocorreram em benefício de pessoas que tinham um poder aquisitivo alto.
Ao explorar temas como a paranoia, a desconfiança e a manipulação, “Pisque Duas Vezes” nos mostra que o terror não está apenas nas sombras, mas também nas relações de poder que permeiam nossas vidas.
Conclusão: Um Filme que Marca
“Pisque Duas Vezes” é uma experiência cinematográfica rica e complexa, que nos convida a pensar além da trama e a refletir sobre as questões sociais que nos cercam. A direção segura de Zoë Kravitz, as atuações marcantes e a fotografia impactante fazem deste filme uma obra-prima do terror psicológico. Portanto, além de ser um bom filme, cumpre um excelente papel de crítica social.