A edição de 2024 do Rock in Rio celebra os 40 anos do festival que reuniu os maiores nomes da música brasileira e internacional ao longo das décadas. E, evidentemente, o primeiro festival em 1985, foi extremamente especial por diferentes motivos.
A começar pela ambição de Roberto Medina, idealizador do Rock in Rio, de montar o maior festival de música de todos os tempos – para muitos, conseguiu.
Anos antes, em 1980, o empresário havia conseguido trazer Frank Sinatra para o Brasil, mas aparentemente seu projeto de vida estava por vir.
O palco era o maior já visto, a plateia pela primeira estava iluminada, foram 31 atrações entre nacionais e internacionais e o resultado foi um espetáculo para 1 milhão 380 mil pessoas.
Com nomes como Queen, AC/DC, Iron Maiden, Ney Matogrosso e Gilberto Gil, o evento conseguiu mesclar o melhor do rock mundial com a essência do MPB brasileiro.
Rock in Rio: Democracia e Rádio Maldita
Em 1985 o brasileiro vivia a expectativa de se livrar do regime militar que assolava o país há mais duas décadas. No dia 15 de janeiro, já com o festival em seu quinto dia, após eleição, o Congresso Nacional escolheu Tancredo Neves, um político contrário à ditadura, como o novo presidente da República.
As rédeas da democracia voltaram ao povo no dia 15 de março, no entanto, o grito democrático já estava sendo ecoado durante o festival que se tornou uma grande comemoração pelo Brasil.
Eram pessoas que estavam em um local onde a liberdade cantou mais alto do que qualquer banda. A plateia ostentava a bandeira do Brasil com orgulho enquanto prestigiava as atrações que muitos achavam que nunca viriam para o Brasil. Era um sonho em todos os sentidos.
Roberto Medina não tinha noção do impacto político e social que o festival teria quando o idealizou. Existe a história de que o empresário se reuniu com os gerentes da Rádio Fluminense FM, também conhecida como “Maldita”, e disse que faria o maior evento musical já visto, de nível superior ao Woodstock.
É público e notório que ele conseguiu, mas quando soma-se o espetáculo ao contexto brasileiro da época, evidencia-se ainda mais o feito de Medina.
A Rádio Maldita, anteriormente citada, foi responsável por colocar em cena bandas que se tornariam grandes sucessos posteriormente, como: Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana e Barão Vermelho.
E a irreverência dos programadores da rádio os levaram para algo ainda mais ousado: transmitir o Rock in Rio 1985 através de um orelhão. A própria Maldita começou a se intitular como “A rádio não oficial do Rock in Rio”.
O legado do festival
Vale dizer que são inúmeros os momentos que fazem do festival um dos mais importantes da história. Como por exemplo, o Cazuza encerrando a apresentação do Barão Vermelho com a música “Pro Dia Nascer Feliz”. A apresentação foi justamente no dia em que o Congresso Nacional elegeu um presidente, colocando fim à ditadura militar.
Do mesmo modo, outro momento que certamente muitos já viram, foi a apresentação da banda Queen, considerada por muitos uma das melhores performances da banda britânica. Freddie Mercury deu uma verdadeira aula de presença de palco e presenteou a plateia com uma apresentação histórica.
Colocar bandas brasileiras para tocar ao lado de verdadeiros fenômenos nacionais, fez toda a diferença para as bandas de rock nacional. Alguns desses grupos, inclusive, estão em atividade até os dias de hoje. E, arrisco que dizer, que aquele verão de 1985 jamais será esquecido por eles.
O Rock in Rio 1985, além de um marco musical, foi também um símbolo de transformação social e política no Brasil, o povo precisava colocar para fora todo o sentimento de liberdade que por anos estava engasgado e assim o fez… bom, o resto é história!