A banda escocesa Franz Ferdinand, conhecida por seu som dançante e explosivo que dominou o início dos anos 2000, está de volta com The Human Fear. Este álbum marca um retorno triunfante às raízes do grupo, misturando a energia frenética que os consagrou com novas abordagens criativas que os mantêm relevantes no cenário musical atual, a quem duvidava.
Um tributo ao passado e ao presente
Desde que conquistaram o mundo com hits como “Take Me Out” e “Do You Want To”, Franz Ferdinand se destacou por suas composições inteligentes e ritmos vibrantes. Com um foco declarado em criar “música para garotas dançarem”, o grupo definiu uma era do indie rock e, junto a bandas como The Strokes e Interpol, tornou-se um dos pilares do que hoje chamamos de “indie sleaze”. Embora o termo seja uma invenção retroativa, ele captura perfeitamente o espírito irreverente daquela época.
The Human Fear é um álbum que reflete sobre a juventude desregrada e os dilemas da vida adulta, sem perder a essência dançante que sempre definiu o som da banda. Alex Kapranos, o carismático vocalista, parece revisitar suas próprias memórias com um toque de melancolia, mas sem se arrepender completamente das escolhas do passado.
Uma nova formação, uma nova energia
O álbum apresenta uma formação renovada. Além de Kapranos e Bob Hardy, membros fundadores, o grupo agora conta com Julian Corrie nos teclados, Dino Bardot na guitarra e Audrey Tait na bateria. Essa combinação injeta frescor ao som do Franz Ferdinand, algo já evidente na performance ao vivo de “Good Luck, Babe!” no ano passado.
Apesar de um começo um pouco hesitante com faixas como “Audacious” e “Everydaydreamer”, o álbum rapidamente encontra seu ritmo. É o tipo de disco que melhora a cada audição, especialmente se começarmos pela segunda metade.
Destaques de The Human Fear
Entre os pontos altos, “Night or Day” se destaca como uma faixa multifacetada, que transita entre o glam rock e momentos de intensidade explosiva. Já “Black Eyelashes” é uma homenagem à herança grega de Kapranos, misturando instrumentos tradicionais a uma narrativa envolvente.
“Hooked” é uma viagem nostálgica para os fãs da era indie sleaze, com sintetizadores pulsantes que evocam memórias de pistas de dança apertadas e noites inebriantes. Por outro lado, “Bar Lonely” captura a decadência de um café fictício, onde o anonimato reina. Mas é em “The Birds” que o álbum realmente brilha, com uma marcha de guitarra que remete a “Take Me Out” e uma letra introspectiva que explora a liberdade e o peso de uma vida de excessos.
Comparações e legado
O Franz Ferdinand é frequentemente comparado a seus contemporâneos, como Yeah Yeah Yeahs, outra banda que conseguiu se reinventar sem perder sua essência. Assim como o álbum Cool It Down dos YYYs, The Human Fear é uma prova de que há espaço para evolução e nostalgia no rock contemporâneo.
Enquanto muitas bandas da mesma época ficaram presas ao passado ou desapareceram, Franz Ferdinand demonstrou resiliência. Sua coletânea Hits to the Head já havia mostrado a força de seu legado, mas The Human Fear vai além, provando que ainda há muito a ser explorado.
Conclusão
Com The Human Fear, Franz Ferdinand não apenas resgata a energia que os fez famosos, mas também apresenta um álbum que dialoga com o presente. É uma mistura irresistível de nostalgia e inovação, que deve agradar tanto aos fãs de longa data quanto a novos ouvintes.
Seja para dançar ou refletir, The Human Fear é um lembrete de por que Franz Ferdinand é uma das bandas mais importantes do século XXI.
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