Nada como uma aventura de equipe, com personagens carismáticos, confiantes e poderosos para compor um bom filme de ação. Mas aqui, à princípio, não tem nada disso na nova aventura do UCM (MCU, no original). Em “Thunderbolts*” que estreia na próxima quinta-feira, 1° de maio, a Marvel está empenhada em nos fazer acreditar que o protagonismo do seu novo longa-metragem, está nas mãos de anti-heróis. Figuras completamente desacreditadas e sem o desejo de provar o seu valor.

Longa trás de volta personagens de outras produções da Marvel
Com elenco encabeçado por Florence Pugh (“Oppenheimer”, Duna 2″), e medalhões já conhecidos do Universo Cinematográfico da Marvel, como Sebastian Stan, e seu Bucky Barnes, além de Hannah John-Kaman (Ava Starr) e Julia Louis-Dreyfus (Valentina Allegra de Fontaine), o longa tenta trazer de volta, uma equipe de heróis em ação para as telas de cinema, tentando resgatar um pouco do sentimento que morreu junto de uma legião de fãs, com o “Vingadores: Ultimato”, lançado em 2019, (já que com “Eternos” e “As Marvels”, os times não funcionaram muito bem).
Mas desta vez, a salada funciona. Personagens com problemas familiares, depressivos, que bebem e se drogam para afogar as mágoas, ou até mesmo, aceitam as missões mais sem sentido para preencher uma questão em comum a todos: O Vazio. E como tornar isso o mote de um filme de super-(anti)-heróis? A velha Marvel domina esse tipo de plot, e aqui, ela consegue executar como nos velhos tempos.
A necessidade de sobrevivência aproxima os rejeitados
E isso vem do desdobramento da personagem de Pugh, Yelena, que involuntariamente, começa a perceber que precisa de algo além de só executar. Isso não a preenche mais, e fica claro, como a personagem está farta de seguir as ordens de Valentina. Tanto Pugh, como Dreyfus

estão no perfeito tom de seus personagens, e isso sustenta bem boa parte do primeiro arco do filme.
O que complementa isso é inserção de personagens completamente independentes e inclusive sem nenhum tipo de convívio social. Isolados, eles precisam se unir em prol de um bem maior, deter a própria chefe, Valentina, e claro, se manter vivos. Pressionada, Valentina precisa eliminar os seus “soldados”, entre eles Ava Starr e o Agente Americano, interpretado por Wyatt Russell.
Filme protagoniza uma “virada de chave” interessante
Esse é o ponto onde esses personagens se encontram: eles são os excluídos e estão prontos para ser eliminados. Quem vai sentir falta deles? Quem vai brigar por isso? E Yelena é quem se dá conta, principalmente ao conhecer Bob (Lewis Pullman), um personagem importante nas futuras decisões da ex-viúva negra.
“Thunderbolts*” surpreende nesses aspectos. A Marvel apresenta o seu filme B no ano de 2025, naturalmente ofuscado pelo “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” (confira o último trailer AQUI), para falar sobre resgate, vazio e até mesmo depressão. Usando personagens autossuficientes (alguns autodestrutivos também), mas com medos e traumas, e dando desenvolvimento necessário para que cada um possa ajudar o outro a se curar. Ao invés de simplesmente juntar uma equipe com base nos seus propósitos, eles se unem justamente por conta de suas fraquezas. E isso é genial. As participações de luxo do Soldado Invernal, Bucky Barnes (Stan) e Alexei Shostakov, brilhantemente feito por David Harbour, selam uma equipe de desajustados, mas com muito a oferecer.

O vilão Sentinela é um dos mais poderosos da Marvel
Lewis Pullman, filho de Bill Pullman (“Independency Day”), que no início parece o inocente e descartável Bob, se prova, como personagem e ator, ao encarar os seus dilemas. O que o levam a se transformar no Sentinela, um vilão que ao brincar com a profundidade do filme, tem na sua maior característica,

levar as pessoas ao vazio, mergulhando também a cidade em um verdadeiro caos. Já como Robert, o vilão inicia uma escalada completamente destrutiva e sem controle.
Os Thunderbolts precisam entrar em ação e, Pugh, em mais uma dupla com quem se sai bem no longa com Pullman, consegue transformar a história de uma equipe de anti-heróis, em um filme absolutamente necessário para diversas pessoas que tem gatilhos emocionais. É um alerta. E graças a uma junção que funciona, entre roteiro e direção, “Thunderbolts*” acaba tendo uma história que vale a pena contar. E que precisa ser vista.
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Filme surpreende e supera expectativas
Dirigido por Jake Schreier (“Cidades de Papel”), que é essencial na transição entre Ação e Drama que o filme exige, “Thunderbolts*” se torna uma carta na manga para a Marvel Studios. De uma premissa completamente contrária ao que vimos nos teasers e trailers, o longa consegue divertir, prender e mexer com a audiência de uma forma mais séria do que parece. E por incrível que pareça, a proposta é legítima, cuidadosa e bem realizada.
“Thunderbolts*” ou “Novos Vingadores”, nome que é uma clara armadilha na qual Valentina se coloca no último arco do filme, termina com a sensação de plena satisfação. Uma volta aos trilhos de um universo que se perdeu no multiverso da última fase, mas parece querer encontrar o caminho de volta.