A Gostosa Inteligente está na área
Sem sombra de duvidas, uma das partes mais legais dos festivais é descobrir um novo artista, no meu caso em especifico, redescobrir a potencia da Duquesa. Ao passar pelo Palco Quebrada, no início da noite de sexta-feira (12/09), fomos capturados pelas luzes vermelhas banhavam e os graves batiam forte, feito coração acelerado na multidão. Mas não se engane: o que rolou naquele momento no The Town estava longe de ser apenas um show de rap. Foi uma convocação, uma sessão coletiva de empoderamento sob o comando da “gostosa inteligente” que usou suas rimas como decreto.
Com a precisão de quem sabe exatamente o recado que quer passar, a mensagem era clara antes mesmo da primeira rima. Sua presença de palco deixava claro que ela iria comandar aquele show, como uma lutadora que treinou bem para causar o nocaute antes do terceiro round. Alias, em um mundo que insiste em nos dizer como devemos ser, Duquesa usou o microfone como arma de autoaceitação.
“A mídia diz que nosso corpo não é suficiente, mas olha só, eu tô aqui e meu corpo não é de artista. Eu quero que vocês se sintam bem com o corpo que têm!”, disparou ela, e o grito da plateia foi a resposta. Era um manifesto de amor próprio sendo assinado em tempo real.
Com a postura de quem nasceu para reinar. Mãos para o alto, rimas disparadas com a cadência de uma metralhadora. E para quem ainda tinha dúvidas, o recado foi direto:
“Eu não sou diva pop, eu sou rapper, entendeu?”. Entendido, majestade.
Mas nem só de peso e rimas afiadas se fez o reinado. Duquesa mostrou que a realeza também tem coração, abrindo espaço para um momento mais intimista. Foi o prelúdio para o clímax emocional: a faixa “Glória”, dedicada ao pai, um instante de vulnerabilidade que conectou cada alma presente e nos lembrou da força que mora em nossos sonhos e em nossas dores.
Como toda monarca que se preze, ela dividiu seu trono com convidados de peso: MC Luanna, Yunk Vini e as rainhas Tasha & Tracie incendiaram o palco em participações que só elevaram a temperatura.
Ao final, a emoção que transbordava dos olhos de Duquesa era a mesma que ecoava na multidão. Não era apenas o fim de um show, mas a coroação de uma artista que entende seu papel. Duquesa não apenas cantou; ela inspirou e decretou que o palco, a cena e o futuro pertencem a quem tem a coragem de ser exatamente quem é. Uma verdadeira chefa.