Ao iniciar a análise de “A Cor Púrpura”, não posso deixar de evocar uma frase de Malcolm X, destacada no documentário/álbum Lemonade: “A pessoa mais negligenciada na América é uma mulher preta.” Esta citação ressoa profundamente ao explorarmos a mensagem central do filme.
Devo ressaltar que, dada minha própria experiência como homem negro, reconheço as limitações do meu ponto de vista. Qualquer falha na compreensão ou na mensagem pode ser atribuída a essa perspectiva.
Um jornada em busca do protagonismo
“A Cor Púrpura” centra-se em Celie, interpretada por Phylicia Pearl Mpa e Fantasia Barrino em diferentes fases da vida. A narrativa acompanha sua jornada, frequentemente levando-nos a questionar se ela é verdadeiramente a protagonista, dada sua insegurança decorrente dos abusos sofridos e sua convivência com mulheres de personalidade forte.
Sua irmã Nettie (interpretada por Halle Bailey) é uma dessas mulheres, estabelecendo um vínculo emocional íntimo e encorajando Celie a sonhar e a fazer planos. Outra figura influente é Sofia (interpretada por Danielle Brooks), sua obstinada nora, que, criada em uma família de homens, aprendeu desde cedo a defender-se e a impor sua vontade. Por fim, Shug Avery (interpretada por Taraji P. Henson), uma cantora de blues de sucesso, representa independência e respeito na comunidade.
Conforme a jornada de Celie cruza com essas mulheres e enfrenta os desafios como pobreza, machismo e racismo, ela assume gradualmente o protagonismo de sua vida e do filme como um todo. Além disso, a música desempenha um papel significativo nesse processo, elevando a experiência do espectador.
Desafios de recontar uma história que impactou uma década
“A Cor Púrpura” retorna em uma versão cinematográfica musical, sob a direção de Blitz Bazawule. Inspirado no romance de Alice Walker e no clássico de Spielberg, o filme ganha nova vida com a trilha sonora envolvente de Brenda Russell. Bazawule não se limita a recriar o clássico; ele nos transporta para um ambiente vibrante, onde a trama pulsa ao ritmo do blues. Novos arcos de personagens redentores enriquecem a narrativa, proporcionando uma experiência ainda mais cativante.
A produção de Spielberg, Winfrey e Quincy Jones é um verdadeiro triunfo. A participação especial de Goldberg é destacável, enriquecendo ainda mais essa experiência cinematográfica inesquecível.
Cor Púrpura é uma filme que toca a alma do espectador
Por escolha pessoal, optei por não analisar as interpretações individuais ou algumas das cenas violentas do filme. Considero que a história e a evolução são tão poderosas que todo o elenco merece reconhecimento. Quanto aos atos do filme, parte do meu impacto se deu por eu não ter tido contato prévio sobre o que a obra se tratava, dessa forma apenas alerto que o filme tem cenas extremamente fortes que revelam uma realidade que as mulheres retratam há muito tempo. Em resumo, “A Cor Púrpura”, mesmo em sua releitura, é um filme que toca profundamente a alma do espectador.
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