Alien: Romulus, o mais recente capítulo da icônica franquia de terror e ficção científica, se posiciona de forma cautelosa entre o clássico original de Ridley Scott, Alien (1979), e a sequência de James Cameron, Aliens (1986). Dirigido por Fede Alvarez, conhecido por seu trabalho em Evil Dead (2013), este filme retoma elementos essenciais da saga, enquanto explora novas dinâmicas dentro de um universo já estabelecido, sem ousar grandes desvios narrativos ou temáticos.
O Peso do clássico
Alvarez, que co-escreveu o roteiro com Rodo Sayagues, investe na construção de uma narrativa que faz referência ao mito de Rômulo e Remo, os lendários fundadores de Roma. Esta escolha não é apenas simbólica, mas fundamental para o desenvolvimento do enredo. Alien: Romulus apresenta a história de Rain (Cailee Spaeny) e seu irmão sintético adotivo, Andy (David Jonsson), ambos presos nas duras condições de vida no planeta minerador Jackson’s Star, controlado pela corporação Weyland-Yutani.
A trama é densa, mas a construção inicial se desenvolve de forma paciente, permitindo ao público uma imersão gradual na realidade opressiva dos personagens. Rain, protagonista moral da história, é estabelecida como uma figura empática e resiliente, enquanto Andy, embora seja um sintético, apresenta complexidade emocional que se revela crucial para o desenrolar do filme. No entanto, o restante do elenco, composto por figuras como Tyler (Archie Renaux) e Kay (Isabella Merced), serve apenas como arquétipos destinados a ilustrar o horror que está por vir, uma escolha deliberada de Alvarez para manter o foco na atmosfera de terror visceral.
Um Retorno ao Horror Prático
Um dos grandes méritos de Alien: Romulus é a sua dedicação ao uso de efeitos práticos. Alvarez demonstra um respeito profundo pela estética dos filmes anteriores da franquia, especialmente ao recriar a sensação claustrofóbica dos corredores escuros e gotejantes que tanto marcaram o primeiro Alien. A escala dos cenários, meticulosamente construídos, traz uma autenticidade palpável que enriquece a experiência visual, transportando o espectador diretamente para o universo opressivo da franquia.
Os efeitos práticos, cortesia da Weta Workshop, Legacy Effects e Studio Gillis, são um espetáculo à parte. As criaturas, em particular, são aterrorizantes em sua tangibilidade, com destaque para as cenas envolvendo os Facehuggers e os ataques dos Xenomorfos, que misturam suspense e ação de forma magistral. A sequência em gravidade zero é um exemplo perfeito da habilidade de Alvarez em criar cenas que são ao mesmo tempo visualmente impressionantes e imersivas, com a câmera capturando cada movimento como se o espectador estivesse flutuando ao lado dos personagens.
Apesar de sua excelência técnica, Alien: Romulus peca por não se arriscar em termos narrativos. O filme segue uma fórmula já estabelecida, o que resulta em um terceiro ato que, embora efetivo em termos de horror e suspense, não traz grandes surpresas ou inovações. A reverência de Alvarez ao material original é evidente, e embora isso satisfaça os fãs da franquia, também limita a capacidade do filme de se destacar como uma entrada verdadeiramente inovadora.
Os diálogos, em certos momentos, caem na armadilha de reencenar linhas icônicas dos filmes anteriores, o que pode tirar o espectador da imersão momentânea na narrativa. Essas escolhas fazem parte de um esforço consciente para conectar Romulus ao legado de Alien, mas acabam por impedir o filme de explorar novas direções que poderiam enriquecer a mitologia da franquia.
Conclusão
Alien: Romulus é, sem dúvida, um filme feito com cuidado e precisão. Alvarez demonstra uma compreensão profunda do que torna Alien uma franquia tão icônica e oferece uma experiência cinematográfica que, embora não seja inovadora, é intensa e envolvente. A ênfase no horror prático e na criação de uma atmosfera densa e claustrofóbica garante que o filme seja um deleite para os fãs do gênero, mesmo que não traga nada de novo à mesa.
Em última análise, Alien: Romulus é um retorno eficaz às raízes da franquia, que se contenta em homenagear os clássicos sem necessariamente desbravar novos territórios. É um filme que celebra o que veio antes, entregando uma experiência visualmente deslumbrante e emocionalmente intensa, mas que deixa um gostinho de oportunidade perdida para algo mais ousado. Para os fãs de longa data, será um deleite nostálgico; para novos espectadores, uma porta de entrada eficaz para o universo de Alien, mesmo que não apresente toda a profundidade que o material original sugeria.
Assista abaixo o nosso programa Noite de Terror com analise do filme.
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