A Netflix tem se notabilizado por entregar trillers de ação, e independe da forma como são recebidos pela crítica e público, tem aumentado o número de filmes em que a plataforma tem investido no gênero. Não só em filmes, como também em séries: Vide, “Alerta Vermelho”, “Agente Oculto”, “Resgate” (e sua continuação), entre outros. E no último dia 12 de maio, no mês das mães, os holofotes se voltam para ninguém menos que Jennifer Lopez e seu “A Mãe” (The Mother, no original), dirigido por Niki Caro, do pretensioso “Mulan”.
No longa, Lopez é uma assassina, agente do governo, que entrega todo um esquema de tráfico humano, se colocando na mira de dois dos principais responsáveis pelo crime. Porém, ela se relacionou intimamente com os dois, e agora grávida, se vê em fuga para poder se esconder e proteger sua filha. Como era de se esperar, nada sai como o esperado. Ela tem a sua filha, mas precisa abrir mão da maternidade para que a criança cresça em segurança. 12 anos depois, ela precisa sair do esconderijo para salvar mais uma vez a vida da filha, Zoe (interpretada por Lucy Paez).
História interessante acaba ficando em segundo plano
Ao longo do filme, em conversa com diversos personagens, inclusive com a própria filha, “a mãe” vai entregando detalhes do que a levou se envolver em uma trama tão ardilosa, além de se relacionar com dois homens tão perigosos, interpretados por Joseph Fiennes e Gael García Bernal. Inclusive, incluindo a atuação de Lopez, os três entregam ótimas performances. Tudo isso, revela que a história que se antecede a contada no filme, parece ser infinitamente mais interessante da que vimos durante quase duas horas.
O fato da personagem de Lopez não ser chamada pelo nome em nenhum momento, nem revelar o próprio nome, aliado a construção que a atriz dá a ela, é um ponto positivo do filme, onde não encontramos uma heroína, apenas alguém que não mede esforços para ver a filha bem. Basicamente, essa é a opção menos interessante que vemos ser contada no filme de Caro. Niki Caro que sempre se notabiliza pela construção íntima e profunda de seus personagens, talvez, em um filme como esse seria essencial que víssemos também um pouco de como chegamos até o seu início.
Entendemos a premissa do filme, mas fica uma ideia de querer saber que tipo de assassina era a personagem de J. Lo antes de se tornar a homônima do título da produção.
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Longa alterna momentos eletrizantes com outros mais sentimentais
Como todo bom filme de ação que se preze, “A Mãe” tem o drama na hora certa. De forma muito mais branda, me lembra muito “O despertar de um pesadelo”, de 1996, com Geena Davis, só que no filme da Netflix, temos uma assassina com bem menos sadismo e com pitadas de culpa e redenção. O anti-heroísmo que Lopez emprega na tela, é uma característica fundamental à personagem. É a forma como ela escolhe lidar com a maternidade e tudo o que precisa encarar por conta da sua escolha. E isso fica visível nas cenas em que ela dialoga com Zoe.
Já as cenas de ação, são bem dirigidas por Caro, nada como cenas dos blockbusters que a plataforma tem o hábito de lançar, mas que a protagonista acompanha bem e não deixa de entreter, que é o que realmente importa. A história acaba não progredindo muito e a dúvida que fica é que poderíamos ter visto mais de personagens que aparentemente são bem construídos, mesmo os que tem pouco tempo de tela. Alguns são jogados fora, e outros gastam energia em cenas que poderiam ter mais tensão, ação e ser melhor elaboradas, como por exemplo, a da invasão da “mãe” e de William (interpretado por Omari Hardwick), à fortaleza de Hector Alvarez, personagem de Bernal. Rápida demais.
Possível sequência
“A Mãe” tem pontos positivos e negativos como a maioria dos filmes. A história fica aberta para uma continuação, mas sem grandes personagens entregues para essa continuidade e desenvolvimento de uma possível sequência. Então, se você espera saber o nome da personagem feita por Jennifer Lopez, que faz um grande triller de ação depois de tanto tempo, é melhor se contentar em imaginar qual seria, por que fôlego, o filme não deixa pra isso.