Quando falamos dos Irmãos Russo, lembrando obviamente de “Vingadores”, a franquia de heróis de maior sucesso do cinema. E sabemos que boa parte do que vimos nos últimos filmes, depois da saída de Joss Whedon, tem dedo de Anthony e Joe Russo. E não podemos criticar tanto o que vimos. Em “Citadel”, série de ação, estrelada por Richard Madden e Priyanka Chopra, o tom de investigação policial e mistério, é levado ao máximo, com muitos clichês, e também, muitas perguntas. A série estreou no Prime Video, streaming da Amazon, no final do mês de Abril.
Depois da estreia de “Capitão América 2 – Soldado Invernal”, para muitos considerado, o melhor filme do herói americano, a Marvel nunca mais saiu da mão dos dois diretores. E ao que parece, “Citadel”, que já tem a sua segunda temporada confirmada e um Spin-off a caminho, vai pelo mesmo caminho, já que o segundo ano, será dirigido inteiramente por Joe Russo, que na primeira temporada, só produziu ao lado de Anthony.
Série tem alto investimento que não se traduz em qualidade
Com um investimento de mais de 300 milhões de dólares, “Citadel” se tornou uma das séries mais caras da história, e apesar do requinte das primeiras cenas, isso não teve continuidade ao longo da temporada. A série tem soluções práticas para algumas cenas e efeitos comuns para séries com bem menos orçamento.
Se falar que a série não teve nada que juatificasse tamanho investimento, já que seus efeitos são comparáveis a “The Boys”, ou até bem aquém do que vimos em filmes dirigidos pelos, então produtores, Irmãos Russo. A título de comparação, “Citadel” se parece muito com o que vimos em Jack Ryan, só que sem o apelo e carisma de John Krasinski, consegue imprimir em seu personagem.
As Atuações são o grande destaque
Mas de uma coisa não podemos reclamar. A personagem feminina principal da série é de Priyanka Chopra, famoso por protagonizar outras série de ação, a finada “Quântico”. A bela atriz indiana, consegue criar uma Nadia convincente, dúbia e feroz, sem ser caricata para disso, evidenciando a construção acertada da personagem. Richard Madden, com seu Mason Kane/Kyle Conroy, também separa muito bem as duas faces de seu personagem, com os dois entregando química e emoção no tom certo.
Ashleigh Cummings e sua Abby, também dá um show quando solicitada, e promete um grande desenvolvimento na segunda temporada da série. Stanley Tucci só confirma sua adaptação a todo papel que lhe é entregue, sempre fazendo dobradinhas incríveis com todo ator que contracena com ele, um exemplo de inteligente e claro, talento. E paramos por aí. Na série, Bernard (Tucci) é o chefe da agência Citadel, que tem Nadia, Mason, e posteriormente, Abby, como agentes.
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Seis episódios que parecem pequela de uma verdade história
A série tem como fio condutor um ataque à agência Citadel, pela Mantícora, uma organização criminosa, que pretende eliminar a agência americana por um motivo nada claro, mas que pode ser unicamente por poder. Essa é mais uma das perguntas que ficam ao final da temporada.
Com episódios curtos, “Citadel” acaba enganado o público, que nos momentos mais tensos dos episódios, acaba vendo eles finalizarem. E facilmente conseguiríamos saborear a série em um grande filme de 3 horas de duração, e não seis episódios, ainda que eletrizantes.
Depois de um apagamento de memória dos agentes restantes, visando proteger os segredos da agência, vemos um salto no tempo de 8 anos, e que determina muito do ritmo da série. Inclusive, que usa e abusa de flashbacks, usando um didatismo quase que incômodo para explicar pra onde a série caminha, e o que precisamos saber de antes.
Quando falamos dos dois protagonistas, Nadia e Mason, é compreensível saber o que aconteceu com os dois nesse período. E até a própria Abby, mas com episódios tão curtos e seria mais interessante usar um único episódio, agrupar todos esses flashbacks e entregar a revelação que temos ao final da temporada. Mason agora é Kyle Conroy, casado, e tem família com Abby, que também teve a memória apagada. Mais à frente, descobrimos que a memória da sua atual esposa foi apagada pelo próprio Mason antes de se tornar Kyle, e os dois tem uma filha, Hendrix, vivendo todo esse tempo no Oregon, EUA.
Um antagonista previsível
Nadia, vive em Valência, na Espanha, e também sem lembrar de nada, até que é procurada por Kyle/Mason, e ela aplica o soro que guarda suas memórias. Depois de passarmos 5 episódios desconfiando da personagem de Chopra, descobrirmos que o grande antagonista da série, ainda que não se lembre disso, é o personagem de Madden. Mason traiu a agência, e agora tem de lidar com o segredo de ter eliminado dezenas de pessoas, além do fato de que sua mãe, e a maior vilã da série.
Tendo em vista que durante todo o tempo, o roteiro coloca os dois como possíveis espiões dentro da Citadel, não mudando esse clichê e ainda tornando um deles o verdadeiro traidor, é previsível, assim como a gravidez de Nadia, que sumiu por um tempo, justamente para ter a filha, após engravidar de Mason. No último episódio, sabemos que Mason orquestrou o ataque à Citadel, e a série deixa no ar, o que será do personagem na próxima temporada. Veremos redenção?
Série prende a atenção, mas deixa muitas coisas em aberto
Mas não se engane. Se você acha que por ser didática, “Citadel” responde todas as perguntas, está errado. Onde está Grace, umas das líderes da agência? Bernard? Mason sempre foi um espião infiltrado? Nadia é realmente uma personagem digna da confiança que tem reconquistado no que restou da agência? Porque todos querem as ogivas russas ? E por aí vai… “Citadel” investiu em uma história que fisgasse a atenção do público, contando um espaço de 10 anos desses personagens, mas sem origens e reais propósitos. Ou alguém ainda acredita que a Citadel era essa agência que só visava instaurar a paz entre os países? Não cola.
Aliada à promessa de uma segunda temporada ainda mais eletrizante e que entregue uma história melhor, teremos o lançamento do Spin-off “Citadel: Diana”, que se passa na Itália, e teve trailer divulgado recentemente. Franquia ousada, tem na sua próxima temporada a chance de se estabelecer, ou ser esquecida, é quando lembrada, ser taxa de mais uma série milionária que sempre esteve fadada ao fracasso.