Faltando dois episódios para a Mid-seasion Finale, “Fear The Walking Dead” tem um dos seus episódios mais emocionantes, mas ainda assim, um dos mais previsíveis. Meio que continuando as reuniões que vimos em “Odessa”, o quarto episódio da última temporada da série, “King County”, resolve abordar Morgan Jones e seu desejo que encerrar o que prende Duane, seu filho, ao corpo de um morto-vivo.
Roteiro usa e abusa da falta de originalidade
Tudo que eu já falei sobre o início da temporada e de como ela poderia ser promissora se perdeu exatamente nesse episódio. Apesar de ser um capítulo necessário da vida de Morgan Jones, é perceptível a preguiça dos roteiristas de criar novas histórias para uma série que está fadada ao fim.
O que vemos então é uma série de repetições. Morgan novamente sofrendo por não conseguir atirar na falecida esposa, Jane, há muito já executada. Se culpando pela morte de Duane, lá na terceira temporada de “The Walking Dead”, e Grace mais uma vez à beira da morte, mas dessa vez, parece que de forma ainda mais inocente.
Tratamento que cura o vírus chega tardiamente
Desde o segundo episódio da temporada, vimos uma possibilidade sem precedentes em “Fear The Walking Dead“, a oportunidade de cura para a infecção dos zumbis. A série criada por Dave Erickson e Robert Kirkman, sempre teve chance de trabalhar um campo desconhecido das histórias do roteirista, mas até então, nunca teve ousado falar de uma possível cura zumbi.
O filho de Dwight e Sherry, Finch (Gavin Warren), foi exposto à um tratamento que foi desenvolvido por Sam, herdeira da comunidade P.A.D.R.E., e June, e aparentemente, como podemos ver em “King County“, está curado. Ainda assim, Dwight e Sherry precisam capturar Morgan, e levar de volta para P.A.D.R.E., o que eles tentam fazer sem sucesso, ainda temendo a vida do filho, já que Mo (Zoey Merchant) conseguiu enviar uma mensagem criptografada para Grace ir de encontro a Morgan. Um dos grandes furos do episódios, ainda que a música que Grace escute, sirva como referência criativa para a resolução da questão.
Episódio perde muito tempo com Morgan e Duane
Nesse capítulo quase não vemos P.A.D.R.E., mas também não vimos nada além do que já vimos na temporada. Não encontramos outros personagens, perdidos desde a sétima temporada, como Luciana, ou o ótimo Colman Domingo com seu Victor Strand. Não temos respostas sobre o paradeiro deles, e mesmo a dinâmica que Daniel, reintroduzido no episódio anterior, tem com seu grupo de pais desesperados, fica esquecida no episódio.
Morgan, depois de se abrigar na casa onde vivia para escapar de Sherry e Dwight, e também de uma orda de mortos-vivos, decide que precisa deixar Duane descansar e por isso, vai tentar sair da casa, à noite, com inimigos à espreita e zumbis à solta. É uma das decisões mais terríveis que já vi serem tomadas na série.
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A regularidade do episódio só mostra a necessidade do fim
Apesar dos furos de roteiro e de soluções práticas sem muita eficácia para o desenrolar do episódio, a regularidade desse capítulo, performando como muitos já vistos em temporadas anteriores na produção da AMC, e o fator emocional, só mostra o quanto a série está preocupada em resolver as coisas e não desenvolver esses personagens. Tudo bem que são 8 temporadas, mas ninguém sabe tudo e temos alguns desses cometendo os mesmos erros de sempre.
“Fear The Walking Dead” já foi uma série de sucesso, mas contraiu o mesmo problema da série principal. Não soube a hora de terminar. Então, teve de se livrar de personagens às pressas, reviver traumas e sugerir a resolução de uma história como pano de fundo, apenas para prender a atenção do seu público, que se não fosse por ser seu último ano, fatalmente deixaria a série de lado.