Em tempos de filmes que colocam mais a cabeça pra pensar, ainda tem pessoas que se deliciam com as chamadas “comédias pastelão”, sem compromisso moral, e que satirizam a realidade, bem no estilo dos filmes dos irmãos Wayans. Na última sexta, 31, a Netflix estreou a comédia “Mistério em Paris”, sequência de “Mistério no Mediterrâneo”, que traz de volta Jennifer Aniston e Adam Sandler no papel dos protagonistas Audrey e Nick Spitz. Uma sequência de um filme que tem dois bons atores nos principais papéis. Mas paramos por aí.
Filme tem roteiro pouco criativo e é apelativo
Ao lado de Jennifer Aniston, onde já estrelou bom “Esposa de Mentirinha”, em 2011, Sandler estrela a sequência do longa de 2019. O primeiro, “Mistério no Mediterrâneo” tem um início promissor, mas se perde com roteiro clichê, o que é muito necessário em um filme de comédia, mas não de forma apelativa, e com uma definição irreal. Fica parecendo os desfechos inimagináveis que vemos nos mais recentes “Velozes e Furiosos”, só que com graça. No recém estreado filme que sucede o questionável longa, “Mistério em Paris”, Sandler consegue entregar um filme num ritmo um pouco mais sério, mas ainda caindo nas mesmas armadilhas de roteiro, que tornam pouco mais de uma hora e meia de filme, quase intermináveis.
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Ao contrário de comédias como “As Branquelas”, ou de humor ainda apelativo como da franquia “Todo Mundo em Pânico”, o novo filme de Adam Sandler, o sétimo da sua sua parceria com a Netflix, e o terceiro de sua parceria com Aniston, é um dos piores filmes de um dos atores mais respeitados no gênero. Seja por comédias românticas como “Tratamento de
Choque”, ou por filmes responsáveis só por te fazer rir, como “A Herança de Mr. Deeds”.
Sequência melhora na direção com troca de diretor
O filme de 2019, dirigido por Kyle Newacheck (“Perda Total“) tem um grande problema: É mal dirigido. Essa é uma das vantagens de assistir o filme dirigido por Jeremy Garelick (“The Binge“), ainda com o roteiro do mesmo James Vanderbilt, temos uma filmagem mais séria, onde a comédia, trazida pelos protagonistas, conversa melhor com a trama de investigação policial, agora com os já “quase” investigadores, Sr. e Sra. Spitz. Ainda que com um elenco de apoio sem tanto peso quanto no primeiro filme, com Luke Evans e Gemma Arterton, “Mistério em Paris”, tem cenografia e cinematografia melhores, e aparentemente conseguiu se expandir, com uma história bem mais linear que seu antecessor.
Adeel Akhtar, que interpretou Maharajah no primeiro filme, surge ainda mais instável no filme em questão, sendo o responsável por mais um convite mirabolante para o casal participar de algum evento que é só para milionários, e esse alguém, mais uma vez, tem bastante dinheiro. É o suficiente para que a trama se desenhe tal qual o primeiro filme, mas com uma produção mais atraente, na verdade.
Sandler e Aniston tem entrosamento que segura o filme
O entrosamento entre Adam Sandler e Jennifer Aniston é perfeito. Os dois parecem uma série de casais que conhecemos, seja no cinema ou na vida real, e dão naturalidade para o relacionamento dos Spitz. Mérito dos dois, e provável motivo dessa continuação acontecer. Um outro motivo que pode te colaborado é o fato do primeiro filme ter vencido o People Choice Awards de Melhor Comédia, em 2019, em detrimento de títulos mais simpáticos, como “Yesterday”, à época.
A proposta do filme jamais é de ser um filme de investigação, e sim, um filme de comédia, e por isso se utilizar de tantos clichês e situações absurdas, mas os dois filmes de Sandler e Aniston, acabam levando isso a um extremo que é difícil de você se sentir satisfeito quando termina de assistir. Ao menos, é no streaming. Não tem deslocamento, valor de cinema, nem de pipoca para se preocupar, mas ainda assim, não dá pra julgar quem acha que perdeu um bom tempo vendo a produção.