De fato, Divertida Mente é um dos filmes mais revolucionários da Pixar. Não só a nível de temática, mas também em execução, o longa de 2015 cravou seu lugar na galeria de animações mais inovadoras e emocionantes de todos os tempos. Diante de tal feito, o que poderíamos esperar de uma continuação, uma vez que o original é tão completo em si mesmo? A saber, Divertida Mente 2 nos entrega algo que é consonante com o desenvolvimento da protagonista Riley: o amadurecimento.
Com isso, somos apresentados a novas emoções, que se juntam nessa dança de cores e texturas com a missão de retratar a complexidade humana. Assim, temos o privilégio de relembrar que cada uma delas tem seu valor dentro da dosagem correta. Além disso, ser humano é ser passível de sentir, inclusive, coisas moralmente condenável como a inveja e de tomar atitudes nem sempre louváveis
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Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio
Acompanhando a entrada de Riley na puberdade, quatro novos sentimentos surgem no sistema, Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio entram em cena de maneira particularmente caótica deixando Alegria bastante desestabilizada. Dos sentimentos chegados em Divertida Mente 2, Ansiedade é a que se destaca. Com carisma absurdo e ares vilanescos, a criaturinha interpretada por Tatá Werneck assume o controle do painel de Riley, fazendo com que a mocinha fique desesperada com futuro e passe a tentar calcular todos os seus movimentos. Para se pensar no personagem, é importante entender que a ansiedade real é inerente ao ser humano. Ela é importante para manter o alerta, para minimizar riscos, mas, como qualquer sentimento precisa de moderação. Dessa forma, não dá pra pensar na Ansiedade como vilã, mas como uma emoção como qualquer outras, porém fora de controle.
A Inveja, por sua vez, é a fiel escudeira da Ansiedade. É como se ela traçasse os objetivos e a Ansiedade os mecanismos para atingi-los. Incomoda um pouco o fato de a Inveja funcionar como um tipo de “filtro social”, papel que cabia à Nojinho no primeiro filme. Entretanto, não dá pra negar a fofura da personagem com seus olhos grandes e que, talvez, o papel caiba realmente a ela.
Vergonha e Tédio têm menos protagonismo no desenrolar da história, mas não menos brilho. O grandalhão rosado forma uma adorável dupla com a já amada Tristeza. É uma delícia assistir a parceria entre eles. Já a icônica Tédio, por sua vez, apresenta à Riley um comportamento essencial para se sobreviver à adolescência: o sarcasmo.
E as emoções originais?
Com o acréscimo das novas emoções, a gente poderia se perguntar: e como ficam as emoções originais em Divertida Mente 2? Admito que Raiva, Medo e Nojinho perderam um pouco de espaço. Tristeza e Alegria, por sua vez, tiveram seus momentos de destaque. Porém, é importante compreender que a Ansiedade realmente tem o poder de tomar o espaço de outros sentimentos quando surge. Do ponto de vista pessoal, é necessário admitir o apego ao sentimentos do primeiro filme, o modo como são desenvolvidos na mente da Riley, mas aí, é coisa de uma quinta emoção, que aparece de surpresa: a nostalgia. É importante deixar nossa menina crescer e aprender a lidar com cada nova emoção que surgir.
A maior bilheteria de 2024
Não é surpresa para ninguém que Divertida Mente 2 tenha se tornada sucesso de bilheteria. Com mais de 700 milhões de dólares (quase quatro bilhões de reais) arrecadados, o filme superou Duna 2 e se tornou a maior arrecadação de 2024. Parte do sucesso do filme se deve ao fato do longa se comunicar com diversos públicos. Afinal, sentimentos são universais e perpassam questões étnicas geográficas, etárias… Qualquer pessoa pode se identificar com a história, pois somos dotados das mesmas emoções. Ainda mais com o destaque na ansiedade que, atualmente, tem se mostrado um problema global e que afeta tantas pessoas.