O
Centro Cultural Correios apresenta, a partir da quinta-feira, 6 de
julho, a individual “ex_posição: correspondências transitivas” da
artista visual azuLABula, nome artístico da carioca Ana Eugenia Azulay
Abulafia Lerner (1978).
Com curadoria de Bete Esteves, a individual vai reunir obras e séries que abarcam as linguagens da dança, da performance, da escrita, leitura e das artes visuais, se desdobrando em diferentes suportes como vídeos, fotografias, desenhos, costuras e esculturas. A mostra é resultado de uma pesquisa contínua de azuLABula sobre as relações/conexões humanas, do espaço, e do movimento entre dois ou mais corpos.
Em
seu primeiro estágio, a individual ocupa o salão com diferentes
séries. Cinco duplas de desenhos em papel e um lençol compõem “Quando a
mão convida o braço para dançar” (2021) produzida a partir de movimentos
da mão, punho, dedos, unhas, braços e toda a cintura escapular.
As
“esculturas brincantes” (2021) buscam o equilíbrio entre uma corrente e
um imã que não se tocam, mas dialogam. A foto e vídeo da série “Movo”
trazem um ovo que ao mover-se cria um desenho. Em processo, “Nós” reúne
emaranhados do cabelo da artista colecionados desde 2017.
A
série “Corpo” (2021) é feita em pano e costura à mão por diferentes
pessoas, criando corporalidades para quem quer abraçar, se encostar, se
entregar, apoiar. A peça é recheada do tempo e memória de quem o
confecciona. Em colaboração com seu marido Marcio Lerner, azuLABula
criou a série “Corpos a dois” (2023), a partir de jogos de cama, mesa e
banho pertencentes ao casal e que estavam em uso ao longo de 20 anos.
A mostra também apresenta os vídeos “Limites” (2020), filme selecionado em um edital da Funarte de dança, e “Sopa salada”, uma edição de um compilado de trabalhos audiovisuais da artista. E no teto serão projetadas as espumas do mar de “Fértil, trabalho produzido no Brasil e no Uruguai.
“Entre envolvimento e desenvolvimento a artista explora arquiteturas complexas: corpos, senso comum, coisas, espaço, duração, deslocamentos. Assume relações transitivas, desacelera pelo centro, empurra a porta adiante, distribui começos. Ex_põe uma tática de miolo, entra pelo meio, é escolhida, outra vez, por ele. propõe dias para entre-termos”, escreve a curadora no texto crítico.
Ativações e performances
Com
sua presença diária ao longo do período expositivo, azuLABula vai
dialogar com visitantes e outros colaboradores, que serão chamados a
interagir com a mostra.
“Serão
33 dias, 45 corpos meus e tantos outros corpos convidados para
ex_posicionar; espacialmente. Gosto de pensar essa mostra como um
corredor: um lugar de movimento e conexão. Uma linha que costura
encontros e possibilidades, um lugar do entre: pode ser uma dança, pode
ser um jogo de composição, pode ser uma ação estendida cronologicamente,
mas acima de tudo é uma práxis, um lugar que existe enquanto espaço de
ação/acionamento Nasce aqui um convite de pensar como e quando você quer
conhecer essa investigação; talvez se arriscar e começar pelo meio. Não
me interessa uma data de abertura e sim a abertura enquanto
transparência do fazer. Estar todos esses dias corpeando dentro do
Centro Cultural dos Correios é uma forma de eu tentar corresponder a
minha própria inquietação artística”, explica a artista. Nesta
frequência, corpos e obras serão ativados através da interação e do
movimento.
Veja abaixo a programação completa, que também será divulgada no Instagram da artista (@azulabula) e em outras mídias.
Remoção
Trabalhos
também vão “dançar”, sendo deslocados, em rearranjo. E com o passar do
tempo eles serão também retirados do espaço expositivo, deixando apenas
uma marca do que havia ali, uma brecha imaginativa (uma fita crepe irá
desenhar seu contorno). Com o vazio que vai se construindo, azuLABula
propõe abrir sua pesquisa de movimento, espaço, corpo, considerando a
cronologia expositiva um extenso ensaio aberto.
Cartas/Cartões
Como
se trata de um espaço cultural dos Correios, uma das ativações será por
meio de cartas que a artista vai enviar para si. Será solicitado aos
visitantes que levem consigo uma carta ou cartão postal ou que escrevam
uma mensagem para ser lida durante o período da exposição. A
primeira atividade acontece nos dias 6 e 8 de julho, quando a artista
vai ler e dançar cartas de Clarice Lispector, escritas nos mesmos dias,
mas em 1948, com o acompanhamento do guitarrista Ricardo Mariani.
A exposição tem classificação indicativa livre e vai até o dia 19 de agosto.
PROGRAMAÇÃO
JULHO
QUI 06 | 13h30 “Leitura de cartas de Clarice Lispector”, com azuLABula e Ricardo Mariani, musicista e produtor musical com influências de progressivo, metal, blues, funk e soul.
SEX 07 | 15h30 “Leitura de cartas de Clarice Lispector”, com azuLABula e Ricardo Mariani
SAB 08 | 13h30 “Leitura de cartas de Clarice Lispector”, com azuLABula e Ricardo Mariani
TER 11 | 12h “Descarta”, com Clarice Rito, artista transdisciplinar, figurinista e coreógrafa
TER 11 | 17h30 “Encontro com Sonia Salcedo e seus alunos da turma Poética Expositiva da EAV”
QUA 12 | 16h “Carta-corpo: jogos performáticos e a escrita expandida”, com Ana Gabriela Dikstein Roiffe, Doutora em literatura, cultura e contemporaneidade. Encerramento do curso de direção teatral da UFRJ
QUI 13 Ricard
SEX 14 “Celular”, com Thalita Reis, dançarina, performer, educadora griô e doutoranda em Educação (UFJF).
SAB 15 “Bailarinos 50+: cartas para improvisar”
TER 18 | 14h “Correspondências corpóreas”, com Tati Wexler, fotógrafa, terapeuta e dançarina
QUA 19 “Correspondança”, com Edna Maria
QUI 20 “Exercícios para despoluir o amor”, com Laura Vainer, bailarina e pesquisadora da dança
SAB 22 Ricarda
QUA 26 “Correspondança”, com Edna Maria
SEX 28 “Vice versa: a curandeira da exposição”, com Bete Esteves, designer, artista e Doutora em linguagens visuais pela UFRJ
SAB 29: Pingue Pongue a três, leitura da zine
AGOSTO
QUA 02, 09 e 16 “Correspondança”, com Edna Maria
QUI 03 “Cartas ao Papai Noel”, ação com estudantes
SAB 05 e 19 Laura Samy
QUI 10 “Persona: aquele através de quem o som passa”, com Gabriela Geluda, cantora e atriz
SEX 11 “Cartas da Sylvia”, Tatiana Letier, arquiteta urbanista e artista
SAB 12 “Bailarinos 50+: cartas para improvisar”
SEX 18 “Celular”, com Thalita Reis, dançarina, performer, educadora griô e doutoranda em Educação (UFJF)
SERVIÇO:
Mostra “ex-posição: correspondências transitivas”, de azuLABula
Local: Centro Cultural Correios RJ
(Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro – RJ)
Visitação: de 6 de julho a 19 de agosto
Horário: terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada: gratuita
Classificação: livre