Fernanda Torres foi a primeira brasileira a conquistar o Globo de Ouro de Melhor atriz de drama. Sua atuação em “Ainda Estou Aqui” é de uma solidez admirável e o filme, com razão, tornou-se um clássico instantâneo para os brasileiros.
No entanto, vale reforçar que este não foi o primeiro prêmio internacional de expressão da atriz. Fernanda Torres, embora conhecida amplamente por seus trabalhos na comédia, já havia conquistado ainda com vinte anos de idade o prêmio mais tradicional de cinema da França.
A jovem (porém madura) Fernanda Torres
Em 1986, um ano após o fim da ditadura militar no Brasil, Arnaldo Jabor levava o filme “Eu Sei Que Vou Te Amar” para o Festival de Cannes, concorrendo na mostra principal com diretores renomados, como Martin Scorsese, por exemplo.
O filme é um romance, desses bem calorosos diga-se. Mas o que chamou mais a atenção foram as expressões de uma jovem atriz que no ano anterior já havia brilhado na comédia “A Marvada Carne” e aqui, por sua vez, mostrava ao mundo ainda mais maturidade em cena: sim, Fernanda Torres.
Em entrevista, a atriz disse: “Quando o Jabor me chamou para fazer o teste [do filme], eu li o roteiro e disse pra mim mesma que aquela ali não era eu”. Fernanda achou desafiador o fato de interpretar uma mulher mais velha, enquanto a atriz ainda tinha os seus vinte anos.
O resultado foi uma atuação intimista ao lado do galã Thales Pan Chacon, em que ambos contracenaram em uma única locação. A entrega da atriz, somada ao carisma quase que sobrenatural da atriz, rendeu a ela a Palma de Ouro.
“Eu Sei que Vou te Amar” e o brilho de Fernanda
Escrito e dirigido pelo célebre Arnaldo Jabor, o longa-metragem conta a história de um casal que resolve viver um jogo da verdade sobre tudo o que eles já viveram. Há momentos cômicos, mas também cenas carregadas de emoção.
Um recital para a jovem Fernanda brilhar. Em certos momentos ela transmite a insegurança quase que inocente, já em outros uma maturidade expressa somente com um olhar. Não é a melhor atuação da atriz, mas já ali, notava-se aspectos que ela carrega até hoje.
Este filme concluiu a chamada “Trilogia do Apartamento” de Jabor, tendo como antecessores os filmes “Tudo Bem” (1978) e “Eu Te Amo” (1981). O primeiro, inclusive, protagonizado por Fernanda Montenegro e o segundo por Sônia Braga.
Tudo começa aqui
Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz de drama. Mas o que é mais lindo nisso tudo é a comoção nacional sobre um filme que conta uma história genuinamente brasileira.
Em 1986 a campanha de um filme se dava muito mais no boca a boca do que qualquer outra coisa. Hoje em dia, na galáxia da internet, as pessoas se conectam com a arte e têm a possibilidade de disseminar ainda mais a cultura do nosso país.
Pois bem, Fernanda Torres, esteve nos dois mundos e foi premiada em ambos. Esses prêmios não são nenhuma validação da qualidade da atriz, porque, afinal, todos os brasileiros que já tiveram contato com seu trabalho já a reconhecem como uma das maiores.
Mas o que emociona é ver, como em uma Copa do Mundo de futebol, o país torcendo pelo nosso cinema e vendo que o mundo inteiro está de olho no que somos capazes de produzir. Cannes e Globo de Ouro, portanto, foram como conquistas coletivas e precisam ser celebrados.