Filmes como Godzilla e Kong: O Novo Império testam o trabalho de quem faz crítica. Encontrar o equilíbrio entre reconhecer o espetáculo visual e atender às expectativas dos fãs é um desafio. Diante disso, vamos analisar os pontos fortes e fracos do filme.
O “Monsterverse” começou em 2014 com Godzilla, seguido por Kong: Skull Island (2017), Godzilla: Rei dos Monstros (2019) e Godzilla vs. Kong (2021). Dos quatro filmes, apenas o segundo solo de Godzilla teve baixa aprovação da crítica (42% no Rotten Tomatoes). Os demais obtiveram 75% de aprovação e arrecadaram cerca de 2 bilhões de dólares nas bilheterias. Godzilla e Kong: O Novo Império se encaixa nessa história iniciada em 2014.
Tenho a impressão Godzilla e Kong: O Novo Império foi feito para ser aquele tipo de filme que você apenas assiste sem fazer muitas perguntas. Aliás, abrindo um parênteses, todas as vezes que abordavam o conceito de “Terra Oca” sentia o mesmo arrepio na espinha de quando ouvia sobre o Terra Planismo. Mas depois de um tempo levei de boa, pois isso já havia sido abordado tanto em alguns dos filmes anteriores, quanto na série da Apple Tv+, no entanto, admito que o primeiro ato do filme foi meio esquisito de assistir. Uma vez que há um caminhão de informações sobre o Kong, a Terra Oca, a Monarch e o Godzilla, sendo entregue de uma vez só e uma sequência de cortes cuja a experiência se assemelha a trocar de canal várias vezes na esperança de ver algo legal.
Há um momento em que a trama se concentra em apenas dois núcleos: Kong e os Humanos através da “Terra Oca” e “O que deu no Godzilla?”, enquanto o primeiro núcleo parece apresentar uma história um pouco melhor elaborada, o segundo núcleo, como posso dizer, vemos Godzilla de um lado para outro do planeta, porque em algum momento ele será útil no filme. Aliás, pela forma como o gigante japonês foi tratado, teria sido melhor o título do filme ser Kong e Godzilla uma vez que vemos muito mais da história do guardião da ilha da caveira.
Os protagonistas humanos são reduzidos a quatro atores: a cientista Ilene Andrews (Rebecca Hall), sua filha adotiva Jia (Kaylee Hottle), o podcaster Bernie (Brian Tyree Henry) e o biólogo Trapper (Dan Stevens). O humor proporcionado por eles é questionável, com destaque para o personagem de Stevens, que parece uma versão bizarra de Ace Ventura.
Então ali pelo terceiro ato, com quase 30 minutos de exibição de CGI pesado, piadas de gosto duvidoso e o drama da Jia, com o clichê de “esse não é meu lugar”, usado em diversos outros filmes, finalmente decidem apresentar a real ameaça. Mas não pense que é algo surpreendente porque o trailer já fez o favor de mostrar algumas cenas, na verdade, pensando melhor, aqui vai! A forma como decidiram explicar o conflito do filme é tão estranha que se assemelha a histórias que aquele seu amigo de faculdade te contava quando estava chapado de alguma substância ilícita. Tudo é tão repentino, forçado e gratuito que até os fãs da franquia vão estranhar. Mas fazer o que, o filme precisa chegar no seu clímax.
Em meio a esse turbilhão, Godzilla e Kong: O Novo Império entrega o que os fãs querem ver: um monte de monstros brigando e finalmente, o Godzilla entra em ação. Só não irei entrar mais em detalhes para não dar spoilers. Porém, diversão não significa necessariamente qualidade e digo isso tanto pelo CGI exagerado, quanto pelo tempo gasto para explicar a grande ameaça do filme. Como morador do Rio de Janeiro, admito que pela primeira vez vimos uma cena onde conseguimos reconhecer bem os bairros de Ipanema, Copacabana, os prédios do centro e até a Lapa e chega a dar uma certa alegria em assistir a cena.
Para os fãs da franquia, este é talvez o episódio mais fraco em termos de trama, mas com cenas de ação épicas. Agora, se você nunca viu nenhum filme da franquia, prepare-se para um filme sem sentido ou se frustre.
Pontos positivos:
- Ação empolgante com monstros brigando.
- Cenas de destruição em escala épica.
- Reconhecimento de pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Pontos negativos:
- Trama fraca e confusa.
- CGI exagerado.
- Humor questionável.
- Personagens humanos pouco desenvolvidos.
Em resumo, Godzilla e Kong: O Novo Império é um filme que talvez divirta pela ação, mas com toda certeza decepciona pela história.