Quando se traduz um trauma, será que todos entendem
Em setembro de 2022, durante um show em Los Angeles, The Weeknd precisou encerrar sua apresentação da “After Hours Til Dawn Tour” após a quarta música, “How Do I Make You Love Me?”, por ter perdido a voz. Além do perfeccionismo do artista, o fato de o estádio estar completamente lotado certamente gerou um momento bastante perturbador na vida do cantor. Esse episódio significativo serviu como uma das inspirações principais para o álbum “Hurry Up Tomorrow” e, por consequência, para o filme de mesmo nome.
Elenco, direção e roteiro: os bastidores da obra
O longa conta com as participações do próprio The Weeknd (Abel Tesfaye), Jenna Ortega e Barry Keoghan, sob direção de Trey Edward Shults. O roteiro é assinado por Abel Tesfaye, Reza Fahim e Trey Edward Shults. Agora que as apresentações técnicas foram feitas, vamos à difícil tarefa de realizar esta crítica.
Uma viagem ao trauma: o labirinto emocional do filme
Tanto o Gemini quanto o ChatGPT concordam que o trauma é uma resposta emocional a um evento perturbador, algo que ultrapassa a capacidade individual de lidar com a situação vivida. E antes que você pergunte o motivo dessa referência às inteligências artificiais, explico: foi exatamente essa sensação de dúvida sobre como o roteiro foi feito que o filme me transmitiu.
Durante a trama, acompanhamos The Weeknd nos bastidores de uma turnê, profundamente abalado pelo fim de um relacionamento. Barry Keoghan interpreta o agente do cantor, funcionando como uma espécie de consciência negativa, incentivando-o a ultrapassar limites perigosos em diversos momentos. Já Jenna Ortega vive uma fã, representando uma figura do subconsciente, que aparece incendiando uma casa dias antes de ir ao show de The Weeknd. É justamente nesse show que ocorre o episódio do artista perdendo a voz.
Confusão estética ou proposta narrativa?
O grande desafio do filme é entender como tudo se desenrola. A experiência é comparável a subir em uma montanha-russa após tomar uma alta dose de xarope e antialérgico, entrando em um túnel repleto de luzes piscando, sem ter certeza se o movimento é para frente, para trás, para cima ou para baixo. Às vezes, ouvimos uma música do novo álbum, e então voltamos à confusão inicial. Esse é aquele tipo de filme que faz você desejar imediatamente um vídeo explicativo no YouTube, Instagram ou TikTok, decifrando cena por cena.
Conflitos, rupturas e perplexidade
Há dois grandes conflitos que ocorrem na metade da história. Um entre The Weeknd e Jenna, quase como um romance tóxico, e um entre Jenna e Barry, um embate extremamente violento e termino por aqui, tanto para não dar mais spoilers para quem for assistir, quanto pelo fato que foi difícil de entender algumas coisas.
Se você já acompanha de perto o trabalho de The Weeknd, poderá ter uma experiência menos confusa. Algumas cenas são claramente referências a momentos pessoais do artista. Caso contrário, prepare-se para uma viagem longa e bastante cansativa, quase sem sentido algum.
Para fãs ou para todos
Em resumo, “Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes” é um filme que The Weeknd fez principalmente para ele próprio e para fãs extremamente dedicados, aqueles dispostos a gastar bastante tempo criando teorias na internet. Para o público em geral, porém, a experiência pode ser bastante frustrante e desorientadora.
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