Se tem um tipo de série que movimenta bastante a Netflix, certamente, são as séries adolescentes. Afinal são um público engajado e apaixonado. Porém, mesmo quem já passou dos 18 curte assistir algo que remeta à fase mais intensa e complexa da vida. Diante disso, a Plataforma de streaming aborda temas que vão desde educação sexual, como em Sex Education, até bullying e suicídio, como em 13 Reasons Why. Julie And The Phantoms, por sua vez, chega ao catálogo trazendo o kit básico que faz sucesso entre a garotada: um amor fofo e impossível, um sonho a ser realizado, amizades inspiradoras, diversão, leveza e muita música. Além disso, há uma pitada de sobrenatural, pois os Phantoms são literalmente fantasmas.
Julie and The Phantoms made in Brazil
Por mais improvável que pareça, Julie and The Phantoms é remake de uma série brasileira de duas temporadas chamada Julie e os Fantasmas. Embora a sinopse seja praticamente a mesma, o visual das duas séries são muito diferentes. Porém ambas mostram uma menina chamada Julie que conhece uma banda formada por fantasmas e fica amiga deles, tornando-se mais uma integrante da banda. A produção brasileira foi exibida em 2011 e 2012 pela Band e não teve muito alcance por aqui, mas serviu de inspiração para o remake da Netflix.
Um série adolescente ou quase
Diferentemente de outras séries adolescentes da Netflix, essa pega um público um pouco mais jovem. Isso porquê não adentra em temas sociais polêmicos e se mantém num enredo mais raso. Descomprometida com explicações lógicas, Julie and The Phantoms tem seu foco nos pré-adolescentes que assinam o contrato de simplesmente aceitar que os fantasmas se tornam visíveis unicamente quando cantam com a Julie (Madison Reyes). Sem ela, eles se tornam música de elevador, como disse Reggie (Jeremy Shada). Além disso, eles conseguem segurar algumas coisas, outras não. Porém, a própria série brinca com isso, uma vez que eles estão se adaptando ao pós-vida.
Embora tenha um personagem declaradamente gay, Alex (Owen Joyner) (que teve problema com os pais depois de assumir a orientação sexual), em pleno 2020 homossexualidade não deveria ser tema polêmico. Ele se apaixona por Willie (Booboo Stewart) e fica evidente que é recíproco. Mas não há cena de beijo. Inclusive, nenhuma, nem mesmo entre Julie e Luke (Charles Gillespie). A princípio era impossível, mas no final, eles conseguiram se tocar, porém a série priorizou a amizade entre a banda num abraço coletivo em vez de uma cena de beijo, o que foi uma decisão bem acertada, afinal os outros fantasmas também precisavam ser abraçados para quebrar o encantamento de Caleb (Cheyenne Jackson).
90’s is back
Luke, Reggie e Alex morreram na década de noventa, mais precisamente em 1995, quando ainda formavam a banda Sunset Curve. Justamente por isso, o visual deles é carregado de referências da década. A estampa xadrez de Reggie, a blusa de mangas rasgadas de Luke, o corte de cabelo de Alex, que, inclusive é muito parecido com o que Nick Carter dos Backstreet Boys usava. Entretanto, mesmo Flynn (Jadah Marie) e Julie também usam muitas referências retrô.
Para além do figurino, o próprio clima da série tem muito das comédias românticas dos anos 90, misturada com os musicais adolescentes dos anos 2000. Inclusive, o diretor de Julie and The Phantoms Kenny Ortega, também dirigiu High Scholl Musical e Descendentes (em que Booboo Stewart atuou).
Além disso, a série traz a fórmula da menina insegura que desabrocha, tornando-se uma estrela, com uma amiga divertida e uma rival. Aliás, vale ressaltar que Flynn é um grande presente, pois a personagem é divertida e a atriz Jadah Marie é extremamente carismática. Certamente, ressaltar a rivalidade feminina não é algo positivo, porém, Julie e Carrie (Savannah Lee May) foram amigas no passado e houve um ruptura brusca que deve ser explicada na próxima temporada. Entretanto, não dá pra negar que uma personagem soberba, obcecada por popularidade, com uma pitada de crueldade e que trate outras mulheres como rivais é muito anos 90/2000.
Solta o som
A Netflix marcou um golaço ao lançar uma série que musical que vem acompanhada por um CD inteiro. A saber, as músicas e clipes já contabilizam milhões de visualizações no Youtube, com destaque para Edge of Great, que, em uma semana, já tem mais de um milhão de views. Além disso, a série ultrapassa as barreiras da Netflix, chegando às plataformas musicais também.
As músicas se encaixam perfeitamente no enredo da série. Por exemplo, a emoção do encontro de Luke com os pais ficou bem mais intensa ao som de Unsaid Emily. Da mesma forma o Glamour do Clube de Fantasmas ficou bastante evidenciado com Other Side of Hollywood. Inclusive, vale ressaltar a maneira delicada como a série transmite emoções. Certamente, o público pré-adolescente e adolescente vai ficar bem envolvido.
O que esperar da segunda temporada de Julie and The Phantoms?
Algumas questões ficaram sem respostas na primeira temporada da série, gerando curiosidade e ansiedade para a segunda. Será que a menina que aparece no primeiro episódio trabalhando no Orpheum realmente é a mãe de Julie? O que aconteceu entre Carrie e Julie para que fossem de amiga a rivais? Bobby foi responsável pela morte dos companheiros de banda ou apenas se aproveitou da tragédia? O que Calebe pretende fazer com Nick? Além disso, há uma expectativa grande sobre rolar ou não beijos entre os pares românticos, saber sobre as família de Alex e Reggie, entre outras coisas. Mas há uma certeza: tudo será regado por muita música!
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