Um empate inesperado, porém muito celabrado
Sob o comando de Fabíola Nascimento e Juan Paiva, a cerimônia do maior festival de cinema brasileiro durou cerca de 3 horas e contou com uma disputa acirrada entre “Baby” e “Malu” que disputaram categoria por categoria ,para ao fim, dividir o Troféu Redentor de melhor filme de ficção. Texto escrito por Pedro Camara
A competição foi acirrada, com Kasa Branca correndo por fora. O longa de Marcelo Caetano saiu da premiação recheado de prêmios após sua participação no Festival de Cannes, no qual obteve o prêmio de melhor ator revelação na semana da crítica. Já em terras tupiniquins, o longa recebeu prêmios em melhor filme, atuação e direção de arte. No entanto, a ficção inspirada na mãe de Pedro Freire, aclamada no festival de Sundance, também não fica atrás: o trio de mulheres que compõe a trama levou o prêmio nas categorias de atuação enquanto o diretor e também escritor do filme ganhou o prêmio de melhor roteiro.
Em Baby,Marcelo Caetano joga luz sobre pessoas e romances que ocorrem a margem da sociedade paulistana
Baby é um jovem recém solto do centro de detenção, após atear fogo em uma escola. A trama o acompanha tentando se re-inserir dentro seu ciclo social na cidade de São Paulo. Ao invadir uma sala de cinema, com filmes pornográficos, o jovem conhece Ronaldo ( Ricardo Teodoro) após ele oferecer um programa ao garoto. Sem dinheiro e sem família, Baby passa a estabelecer uma relação romântica e paternal com Ronaldo, que o ensina a como sobreviver numa cidade que tenta te jogar contra a parede. Os dois conflitam, debatem, mas se amam e vivem juntos para se manterem vivos. Ambientado em um cenário urbano deglutidor e vívido, Baby explora as complexidades e problemas sociais das cidades, principalmente os de pessoas LGBTQIAP+, ao abordar as “ sobras” de um cenário urbano que vive ,em movimento ininterrupto, pensando sempre no sucesso e no dinheiro.
O drama familiar e geracional de Malu
Malu interpretada por Yara de Novaes retrata uma atriz desempregada após o término de seu casamento e o fim da ditadura. O roteiro busca imprimir os diálogos e conflitos estabelecidos por três gerações de uma família decadente. A mãe, religiosa e racista. Malu, revolucionária e sonhadora que se opõe a sua filha, que tenta mediar o diálogo entre o velho e o novo, o revolucionário e o conservador. A tensão é clara e o longa busca abordar distintas perspectivas sobre diferentes passados e possíveis futuros, após as transformações sociais ocorridas nos anos da contracultura e do regime militar.
Filmes internacionais e indicados ao oscar no Festival do Rio
Para quem pensa que o festival se trata somente de filmes e premiações nacionais, se engana. Nesta edição do festival, a curadoria também contou com diversos filmes indicados para diversas categorias para o Oscar, dentre eles os mais cotados filmes para premiação internacional: Emilia Pérez de Jacques Audiard e The Seed Of Sacred Fig de Mohammad Hasoulof. E os prestigiados, americanos e ingleses, que vão desde as atuações brilhantes de Ralph Fiennes e Tilda Swinton por Conclave e The Room Next Door, respectivamente, até filmes que correm por fora como A Real Pain – estrelado por Jesse Eisenberg e Kieran Culkin- e The Outrun que tem Saoirse Ronan como fator principal.