“Môa, Raiz Afro Mãe” conta a história do lendário Môa do Katendê, assassinado no dia 8 de outubro de 2018, vítima de intolerância política. O filme-documentário, que chegou aos cinemas no último dia 3 de agosto, conta a trajetória de vida do multiartista e educador que mudou a história do Carnaval de Salvador. A peça é obrigatória para aqueles que querem entender o cenário político brasileiro e a efervescência cultural de um estado tão rico como a Bahia.
O documentário começou a ser gravado com Môa do Katendê ainda vivo. Sua ideia central era a de reafricanizar a juventude, combatendo a desigualdade social por meio da cultura e da valorização do trabalho de base com crianças e jovens. A história dele se entrelaça, inclusive, com a ascensão de manifestações africanas na Bahia como os afoxé e bloco afro do Carnaval de Salvador. Isso é tratado no filme com sutileza rara e emocionada.
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Vemos lendas como Gilberto Gil, Russo Passapusso, Letieres Leite, Lazzo Matumbi e Fabiana Cozza falarem sobre sua amizade com o artista. Há de se lembrar que Môa do Katendê é responsável direto pela modernização de vários aspectos no Carnaval de Salvador e por expandir ainda mais o movimento do afoxé. Não à toa, após sua morte, Caetano Veloso escreveu e gravou “Mestre Môa”, música em homenagem ao amigo de longa data.
Aliando beleza, sutileza, cultura e informação, o documentário é uma peça ainda rara do cenário brasileiro quando o assunto é cultura afro. Todo o cuidado da produção com o personagem fica evidente em cada entrevista e passagem. Môa recebeu uma bela homenagem e o Brasil terá a oportunidade de conhecer um pouco mais de um personagem tão rico como Môa do Katendê.