Depois dos acontecimentos memoráveis acompanhados na final do CBLoL 2020, estivemos ansiosos para acompanhar a campeã INTZ no Mundial 2020. A priori, o Campeonato deste ano contaria com mais vagas na fase de entrada pela ausência do Vietnã. Com isso, mais times se classificariam de fato para a fase de grupos. Nesse contexto, vimos a INTZ representando o Brasil numa disputa intensa em formato de MD1 para conseguir avançar no Mundial 2020. Se liga em como foi o desempenho da INTZ no play-in do campeonato.
COMO FUNCIONA O PLAY-IN DO MUNDIAL?
Com a ausência do Vietnã, o campeonato teve algumas mudanças favoráveis aos outros times neste ano. Consequentemente, o play-in também rearranjou seu formato para acomodar uma quantidade menor dos times. Conforme o novo formato, foram divididos dois grupos com 5 times cada, times estes que forem das regiões menores (Oceania, Turquia, Brasil, etc) e alguns times de regiões maiores que não foram tão bem colocados (4º da China e da Europa e 3º da América do Norte, por exemplo). Logicamente, os melhores colocados das regiões maiores já estariam diretamente classificados para a fase de grupos do Mundial 2020.
Desta forma, os dez times iriam competir entre si em formato MD1 para acumular pontos e conquistar posições. O primeiro colocado de cada grupo estaria automaticamente classificado para a fase de grupos do Mundial. Em contrapartida, o terceiro e quarto lugares se enfrentariam em uma MD5 e, o que saísse vencedor, enfrentaria o segundo lugar do outro grupo pelas últimas vagas da fase de grupos. Decerto, o último colocado do grupo estaria automaticamente desqualificado do Mundial.
Portanto, o caminho a ser trilhado tanto pela INTZ quanto pelos outros times iria depender unicamente de seu desempenho em Summoner’s Rift. Uma vez que o Brasil possui um histórico complicado internacionalmente, será que conseguiríamos desta vez?
A ESTREIA DA INTZ NO MUNDIAL 2020
A princípio, a INTZ estava em um grupo com nomes bem fortes. Times como a Legacy, SuperMassive, MAD Lions, etc. A Team Legacy, por exemplo, seria o time representante da Australia e no seu campeonato regional vinha demonstrando muita força de early game. Já a MAD Lions foi um dos mais consistentes em sua progressão na LEC (campeonato de League of Legends europeu). Sorte ou azar dos brasileiros, a MAD Lions foi o primeiro time a enfrentar os intrépidos logo no primeiro dia de campeonato.
A INTZ demonstrava apreciar as oportunidades que lhes apareciam e criou algumas jogadas interessantes. Os players Tay e Shini trouxeram picks de conforto para iniciar o campeonato e souberam utilizá-los Contudo, o nervosismo do time e a pressão de representar o Brasil frente a este contexto de histórico ruins prejudicou o time durante a partida. Inclusive, o nervosismo acabou gerando jogadas bem duvidosas por parte dos jogadores da INTZ como o teleporte do Tay no momento de finalizar Shad0w, caçador da MAD Lions em uma jogada no top.
Entretanto, em nada isso escondia as habilidades dos jogadores brasileiros. O próprio Tay, assim como micaO e Envy, estavam criando jogadas maravilhosas para punir a movimentação dos jogadores europeus. Tay e micaO estavam com a mira em dia com suas ultimates e o próprio Tay ficou gigante na partida com seu Urgot.
Infelizmente, os pequenos deslizes da INTZ foram muito bem punidos pelos adversários. Por fim, a MAD conquistou dois barões, criaram pressão de mapa e, apesar da grande resiliência por parte dos intrépidos, a MAD Lions usou seu dano explosivo para acabar com a partida.
O SEGUNDO GAME DA INTZ NO MUNDIAL
Já no segundo game, o terceiro jogo do Mundial no primeiro dia de play-in, os intrépidos da INTZ iriam enfrentar a Legacy. O time era reconhecidamente famoso por ter sempre uma vantagem larga no early game e manter essa vantagem posteriormente num game mais lento. Contudo, a INTZ soube reconhecer isso e tentou abrir o game com essa vantagem para si, uma vez que este era um dos games mais importantes do play-in neste campeonato. Entretanto, a Legacy conseguiu o first blood no primeiro dragão do jogo e, com arauto, muitas barricadas, abrindo larga vantagem nos 15 minutos de game, como de costume.
Os intrépidos não se abalaram e, com o Bardo do RedBert, foram mais uma vez focados em criar boas jogadas. Inclusive, destaque para uma contestação do barão que era feito pela Legacy, onde a INTZ garantiu 3 abates após buff conquistado pelos australianos e também para 3 abates no bot pós barão. Apesar disso, a Legacy criou muita pressão de mapa no jogo para não perder muito nestas jogadas, fez dragão ancião e abriu a base da INTZ para levar a vitória.
Com o ocorrido, a situação da INTZ ficou delicada no campeonato, já perdendo dois jogos logo no primeiro dia. Isto acaba forçando a equipe a correr atrás de posições para disputar a série em MD5 alguns dias depois na esperança de ainda conseguir vaga na fase de pontos do Mundial 2020. Seria um caminho mais complicado e longo, mas nada impossível de se conquistar, vide que a INTZ se manteve equilibrada em nível com seus oponentes até o momento.
O FANTASMA TURCO VEM ASSOMBRAR
No dia seguinte, a INTZ precisaria ir para o terceiro de seus 4 jogos no play-in contra a Papara SuperMassive, time representante da Turquia. O cenário brasileiro possui um histórico extenso contra times turcos no cenário internacional cheio de vitórias e tropeços (inclusive com a própria INTZ). Sendo assim, a INTZ iria ir de frente contra mais um representante reconhecidamente forte da região que já foi pedra no caminho dos brasileiros em vários momentos desde 2016.
Restava aos intrépidos enfrentar mais uma vez o seu constante nêmesis no cenário internacional de LoL.O jogo começou intenso dentro da selva, com muita disputa de mapa tanto por Shini quanto por Kakao, caçadores das equipes. A disputa foi intensa, mas com o tempo a INTZ conseguiu achar brechas e conquistar algumas vantagens para o time. Entretanto, após um dive que deu muito errado contra o toplaner Armut, a SuperMassive conquistou uma série de abates em cima da INTZ.
Com o tempo, a partir de uma composição toda concentrada em torno do pick de Hecarim na jungle, a equipe turca foi aos poucos efetivando seu jogo e mostrando o scalling de seu jogo. Os intrépidos tentaram segurar, porém em um jogo que o Hecarim teria Shen, Senna e Lulu para protegê-lo, a SuperMassive ficou imparável e inevitavelmente venceu. A situação da INTZ só se complicou no play-in com essa derrota e a vaga para fase de pontos apenas se afastou.
MESMO QUE COMPLICADO, NÃO ERA IMPOSSÍVEL
No seu terceiro game, a INTZ iria enfrentar o que seria de longe o seu adversário mais complicado do grupo: a Team Liquid. Sem dúvidas, as expectativas de muitos não estavam muito altas para o time brasileiro, principalmente indo de frente contra este oponente em específico. O representante dos EUA já possuía 3 vitórias e nenhuma derrota até o momento, indo enfrentar o “underdog” do grupo neste Mundial. Contudo, a INTZ mostrou que não seria algo tão simples assim.
O time dos intrépidos veio buscar intensidade logo no início com uma composição equilibrada e com muito controle de rotas e controle de team fights usando picks como Orianna e Camille. Ao seu modo, a Liquid focou em utilidade, porém mais associada a dano, sendo bem mais interessante para o early game. Assim sendo, a Liquid criou uma vantagem de objetivos e ouro logo nos primeiros dois dragões e foi avançando o jogo. Entretanto, a INTZ soube criar muita vantagem nas rotas, principalmente laterais. O trabalho de split push do Tay somado a alguns bons abates feitos pelo time criou muita pressão a ponto de levar o inibidor da rota inferior.
Com o decorrer do tempo, a INTZ soube usar isso para criar muita pressão de mapa em cima do time estadunidense. Posto que o time soube transferir essa pressão para todo o resto do mapa, o time conseguiu controlar e conquistar melhor os objetivos. Em seguida, os brasileiros viraram o número de dragões, conquistaram dois barões e um dragão ancião. Por fim, com tanta vantagem gerada em cima da Liquid, tudo que a INTZ precisou fazer foi ir ao nexus e destruir o time adversário. Uma vitória emocionante para a INTZ, que elevou bastante o moral da equipe e da torcida no campeonato.
UM INIMIGO CONHECIDO NO CAMPEONATO
Ganhando do time mais forte do play-in, a INTZ conseguiu forçar uma partida de desempate contra a MAD Lions pelo quarto lugar e uma vaga na MD5. Justamente a MAD Lions para quem o time havia perdido o jogo de estreia no play-in do Mundial 2020, que vinha com sangue nos olhos pela vaga no campeonato. Uma vez ganhando, o time iria enfrentar a SuperMassive na primeira MD5 do grupo, cujo ganhador iria contra o segundo colocado do grupo B.
Os brasileiros começaram a partida com fome e vitória e abriram vantagem no early game o mais rápido possível para se manterem no campeonato. Conseguiram barricadas, dois arautos e pressão de rotas, tudo na tentativa de encaminhar o mais rápido o possível sua vitória, chegando a fazer um ACE no mid game. Entretanto, a MAD se manteve focada no controle dos dragões na tentativa de conquistar a alma do oceano, o que conseguiram depois de certo sufoco.
Com alma e ainda tendo conseguido segurar um barão feito pela INTZ, a MAD Lions conquistou tempo para que seus carrys Ezreal e Orianna crescessem o suficiente para somar muito dano na partida. Desta forma, a partir do momento que a MAD Lions conseguiu quatro abates no mid pleo seu dano crescente, foi apenas o momento necessário para levarem tudo pela rota do meio e conseguissem vencer a INTZ, desclassificando o time brasileiro do Mundial 2020.
EXPECTATIVAS E CONCLUSÕES ACERCA DO CENÁRIO BRASILEIRO
Infelizmente, por deslizes do próprio time brasileiro que tinha muito domínio da partida, o preço a pagar acabou sendo muito alto e os intrépidos foram o primeiro time do grupo A a serem desclassificados por ficarem em último, em um placar de 1 vitória e 4 derrotas. Muito se debateu acerca do desempenho do time pelos fãs e, como em quase todas as campanhas brasileiras, a discussão acaba entrando na diferença de nível de regiões privilegiadas comparadas ao Brasil.
Entretanto, o observado não foi simplesmente o time ter apenas feito uma campanha ruim. O que se notou foi que os brasileiros da INTZ tinham muito potencial e capacidade contra seus adversários neste campeonato. Em praticamente todos os jogos, as habilidades mecânicas, visão de jogo e os controles de mapa se mostraram superiores em diversos momentos. Não por coincidência, a Liquid teve sua única derrota para o time brasileiro e era, de fato, o adversário mais difícil do grupo. Contudo, a cobrança e a pressão que o time sofreu neste Mundial afetaram muito o desempenho dos times neste play-in, o que é lamentável.
Nestas condições, acaba que apenas sobra o ano que vem, mas podemos dizer que a INTZ teve um desempenho muito interessante este ano e que nos orgulharam muito com o que foram capazes de fazer. É bem provável que o cenário competitivo mudará muito ano que vem vide o novo sistema de franquias que será implementado no CBLoL, então a expectativa é que a jogabilidade brasileira só aumente a partir de 2021. Iremos aguardar para descobrir.
QUANTO AO MUNDIAL…
Com o final da fase de entrada, apenas a Liquid se classificou para a fase de entrada, com MAD Lions e SuperMassive perdendo na MD5. Quanto ao grupo B, os classificados foram PSG Talon, LGD Gaming e Unicorns of Love, todos muito competentes para disputar o título do Mundial 2020. Com isso, a fase de grupos do Mundial contou com os seguintes grupos:
- A: G2 Esports, Machi Esports, Suning e Team Liquid
- B: DAMWON Gaming, JD Gaming, Rogue e PSG Talon
- C: Fnatic, Gen.G, Team Solomid e LGD Gaming
- D: DRX, FlyQuest, Top Esports e Unicorns of Love
Por fim, fiquem ligados no Kolmeia para mais novidades do cenário competitivo de League of Legends e para se informar sobre o mundo dos eSports!