Como tudo começou
No primeiro final de semana de 2023, enquanto fazíamos a cobertura da premiação do Globo de Ouro, vimos Steven Spielberg receber o prêmio de melhor diretor pela sua mais recente obra: Os Fabelmans. E mesmo após assistir o filme ainda não estamos recuperados dessa deliciosa experiência cinematográfica que ele nos proporcionou.
Steven Spielberg é o tipo de diretor que dispensa apresentações, afinal, ele foi o responsável pela direção de filmes como Tubarão, ET o Extraterrestre, Jurassic Park, A Lista de Schindler e etc. Ainda sim, em Os Fabelmans Spielberg consegue se superar contando uma das histórias mais importantes: A dele mesmo.
No longa,em vez de usar o nome do próprio diretor e co-roteirista, o drama semi-autobiográfico de Steven Spielberg conta a história dos fictícios Fabelmans. Gabriel LaBelle estrela como Sammy Fabelman e está cercado por um conjunto impressionante que inclui Michelle Williams (Mitzi Fabelman) e Paul Dano ( Burt Fabelman) como seus pais e Seth Rogen (Benny Loewy) como seu “tio” favorito.
Um embate entre arte e ciência
O principal conflito nasce após a sua primeira experiência cinematográfica teatral, “O Maior Espetáculo da Terra”, onde Sammy, após ficar impactado com uma determinada cena, faz de tudo para tentar recriá-la utilizando uma câmera e incentivado por sua mãe. A partir disso, o que parecia ser uma brincadeira de criança, evoluiu para um hobbie até esbarrar nas responsabilidades do final da adolescência. Neste ponto, começa aquela pressão sobre qual rumo iria tomar na vida, junto com o embate entre o mundo artístico, puxado por Mitzi, uma pianista profissional, e o mundo acadêmico/corporativo, puxado por Burt em engenheiro de sucesso.
Além desse conflito principal, há também o arco da dificuldade do casamento, a amizade entre Burt e Benny, das irmãs de Sammy, mudanças de cidades e ambientes escolares ou seja, não é apenas um filme sobre alguém que já é bom em alguma coisa e fica ainda melhor nisso e sim como a arte conseguiu fazê-lo atravessar todos esses conflitos de uma forma que de uma certa forma o blindasse de algo.
Dessa forma, Steven Spielberg e seu co-roteirista Kushner recriam a vida do diretor como uma obra de ficção. Assim, eles provocam o questionamento : quanto disso realmente aconteceu? E permite que eles se concentrem em alguns momentos marcantes que foram reimaginados para um longa-metragem de Hollywood voltado para o público mais amplo possível, e amarre tudo de volta a perguntas entrelaçadas com as quais qualquer espectador pode se identificar: Como você define felicidade? E é possível alcançá-lo sem ferir ninguém?
Portanto, Os Fabelmans é aquele tipo de filme simples que por possuir tantas camadas e diversos pontos de identificação para um grande número de pessoas provavelmente fará você sair da sala de cinema bem satisfeito.