A mesma história, mas será que ouvimos da primeira vez
Já no ano passado escrevemos sobre como a indústria do cinema estava se tornando repetitiva. Desde o momento em que filmes começaram a ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares em bilheteria, os estúdios passaram a priorizar histórias com alto potencial de retorno financeiro, apoiando-se na nostalgia de produções que já haviam dado certo. Em 2025, vivemos uma saturação clara de histórias recicladas. No entanto, o live-action de Como Treinar o Seu Dragão entra na lista dos filmes que talvez não precisassem de uma releitura — ou será que conseguiu algo diferente? Vem com a gente e vamos descobrir.
A mensagem que insistimos em ignorar
Ainda me lembro de uma fala da Mônica Albuquerque em um dos painéis da Rio2C 2025:
“Alguns remakes acontecem porque nós simplesmente não aprendemos nada com a mensagem que o projeto quis dizer.”
Sinceramente, o que torna Como Treinar o Seu Dragão uma animação que encantou milhões de fãs é justamente sua história. Uma trama que começa na barbárie de vikings contra dragões e termina em um convívio pacífico entre os dois grupos — tudo promovido pela amizade entre Soluço, o filho do líder da tribo, tido como o mais estranho e disfuncional, e o dragão mais temido de todos, o Fúria da Noite (ou Banguela, pros mais próximos).
Em um mundo como o de 2025, marcado por perseguições a imigrantes e ações violentas de Estados contra populações vulneráveis sob o pretexto de garantir a paz, fica claro que não aprendemos a lição da animação.
Uma nova roupagem para uma velha história
Como live-action, Como Treinar o Seu Dragão mantém cerca de 85% da estrutura original da animação. Ainda assim, surpreende. O trabalho de caracterização dos personagens, os efeitos digitais impressionantes, a captação em IMAX e o uso de locações reais — que inspiraram os cenários da animação original — criam uma experiência sensorial tocante.
Assistir ao filme é como visitar a casa da sua tia na praia, onde você viveu lembranças felizes da infância — quando sua maior preocupação era saber se a TV estaria livre pra ver desenho.
Um remake que vale o ingresso?
Apesar de ainda considerar remakes de animações recentes como um certo desperdício de recursos, há casos em que o cuidado na produção compensa esse ceticismo. E esse é o caso aqui. A DreamWorks parece realmente ter se esforçado para entregar o melhor da experiência cinematográfica.
Ao lado do live-action de Lilo & Stitch, que parece ter sido feito mais para vender bonecos, Soluço e Banguela retornam às telas com um lembrete poderoso: a importância do convívio e da aceitação dos diferentes. Uma lição que, sinceramente, o mundo precisa reaprender com urgência.