Certamente, ‘007 – Sem Tempo Para Morrer’ é um filme histórico. Afinal, encerra a era Daniel Craig como James Bond na franquia. Aliás, uma das mais antigas e bem-sucedidas do cinema. Desde 1962 com ‘007 Contra o Satânico Dr. No‘, são 24 filmes e lucro aproximado de 7 bilhões de dólares. Assim sendo, ‘No Time To Die‘ carrega a imensa responsabilidade terminar uma era com dignidade e, ainda, exorcizar a derrapada do título anterior ‘Spectre‘. Com direção de Cary Fukunaga e trazendo Rami Malek como vilão, o longa fez bonito, investindo em elementos que o público da saga ama. Dessa forma, entrega cenas de ação maravilhosas, locações lindíssimas, somadas à bastante emoção.
Antes de falar especificamente de 007 – Sem Tempo Para Morrer, é importante lembrar que a era Daniel Craig se diferencia das demais, entre outras coisas, pela continuidade nos filmes. De certa forma, é um tipo de “Bondveso” que desaguou na conclusão de um arco mais complexo. O último filme ainda consolidou o James Bond de Craig, que é mais humano e sentimental.
Sinopse de 007 – Sem Tempo para Morrer
No filme, Bond deixou o serviço ativo e está desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz não dura muito quando seu velho amigo Felix Leiter, da CIA, aparece pedindo ajuda. A missão de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond à trilha de um vilão misterioso armado com nova tecnologia perigosa.
Em sua empreitada, o agente contou com o apoio de um time já conhecido, como M (Ralph Fiennes), Q (Ben Whishaw) e Miss Moneypenny (Naomie Harris). Porém, os personagens novos também tiveram grande destaque. É o caso de Nomi (Lashana Lynch) e Paloma (Ana de Armas). Enquanto Nomi surge como possível substituta de James Bond, Paloma representa magistralmente as Bond Girls. Entretanto, o lado dos vilões também está bem interessante. Afinal, inclui a volta da Spectre e de Blofeld (Christoph Waltz), com seu capanga de olho de vidro. Mas James ainda precisa enfrentar traições e o grande vilão do filme: Safin, interpretado por Rami Malek. O filme ainda traz de Volta Madeleine Swann (Léa Seydoux)
Lindo de se ver e ouvir
A fotografia de 007 costuma ser impecável. E dessa vez não foi diferente! As cenas de perseguição na Itália são um show visual. Afinal, as cenas de ação, jogadas de câmera e, principalmente, a locação fazem o conjunto da obra perfeitos. Mas a beleza das locações não se limitam à Itália. Com cenas em Jamaica e Cuba, o filme é um festival de beleza.
Outra coisa que sempre acontece em 007 é que a abertura e a música tema são um espetáculo à parte. Não foi à toa que Billie Eilish foi aclamada pela crítica por No Time To Die. A música em si já é lindíssima e dentro do contexto de 007 – Sem Tempo para morrer, deu o tom que o filme precisava. Inclusive, vale conferir a mais uma vez a interpretação da jovem cantora.
Uma nova ameaça
De fato, a era Daniel Craig não poderia terminar sem que James Bond enfrentasse uma nova ameaça global. Dessa vez, Rami Malek é Lyutsifer Safin, um psicopata que, por algum motivo não tão claro, quer matar pessoas com uma arma biológica. Inclusive, Sabe-se que o vilão já esteve no papel de vítima, o que não explica muito. Mas, no fim das contas, o que interessa é conter a ameaça, não necessariamente explicá-la. E é de se convir que a ação para deter o vilão é muito mais interessante do que o passado triste dele.
Embora represente uma ameaça internacional, Safin também tem um vínculo pessoal com o agente 007. Isso porque tem rusgas passadas com Madeleine Swann, antigo interesse amoroso de James Bond. O envolvimento pessoal de Bond com Safin é fundamental para explorar o lado mais sentimental do protagonista e isso é feito de maneira bem envolvente.
A interpretação e a caracterização de Rami Malek dão mais cara de vilão clássico a Safin. Talvez soe estereotipado e clichê, mas é pra ser mesmo. Sem tempo para morrer traz um vilão com cara de vilão, jeito de vilão. Até o nome dele completa o combo, já que Lyutsifer tem uma sonoridade parecida com Lúcifer.
Os personagens novatos
Duas gratas surpresas do filme, sem dúvidas, foram Paloma e Nomi. A personagem da atriz cubana Ana de Armas apareceu por pouco tempo. Porém, foi suficiente para cativar o público. A agente iniciante e super talentosa treinou apenas três semanas e estava super nervosa. No entanto, isso não a impediu de brilhar nas cenas de ação e ser uma excelente parceira para James Bond. Tanto a personagem, quanto a atriz têm potencial incrível para permanecer na franquia mesmo após a saída de Daniel Craig.
Por falar em futuro da franquia, 007 – Sem Tempo para Morrer trouxe uma nova ocupante no cargo de Agente 007, Nomi, interpretada por Lashana Lynch. Inclusive, parte da comicidade do filme se deve aos atritos entre Nomi e Bond. Sem dúvidas, a personagem é centrada, competente e cativante. Infelizmente, ela não teve muita cena de ação, mas deu para mostrar a que veio. Embora tenha potencial e chegue a ocupar o tão almejado cargo, ela não foi definida como a próxima 007 canônica.
O adeus ao James Bonde de Daniel Craig e o futuro da franquia
Definitivamente 007 – Sem Tempo para Morrer pode ser assistido por qualquer pessoa. Entretanto, os fãs da franquia terão uma experiência bem mais completa. Primeiro, porque o filme é uma sequência dos acontecimentos de Spectre. Segundo, porque está cheio de referências e homenagens. Ver o túmulo de Vesper, por exemplo, não traz a mesma carga emotiva para quem não a conheceu. O filme é um ode à toda a história do agente 007. Ao mesmo tempo, se debruça especificamente sobre o James Bond de Craig.
Por falar em Daniel Craig, é válido destacar o empenho e a paixão com os quais deu vida ao personagem. O ator já se machucou em cena, já não é mais tão jovem, mas as cenas de ação são eletrizantes, as de paixão são envolventes, as de amor são verdadeiras. Certamente, fará falta dizendo “Bond, James Bond”.
Sobre o futuro do 007, apenas em 2022 começará a busca pela próxima pessoa a dar vida ao personagem. Num mundo em busca de inclusão e representatividade, já se levantou a possibilidade de que o próximo (ou próxima) agente seja uma mulher, ou um homem não branco e, mais recentemente, um homem gay. Na realidade, não se sabe nem se será James Bond ou outro personagem. De qualquer forma, Daniel Craig, que antes tinha dito que não fazia sentido trocar o gênero ou a cor do personagem, agora se limita a dizer que a escolha não é problema dele.
Independente do que o futuro reserva, 007 tem lugar cativo no coração de muita gente. E, sem dúvidas, a versão de Craig se eternizou. Foi uma experiência incrível e emocionante dar adeus ao James Bond da minha geração.
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