Enfim um Filme à Altura do Homem de Aço
Assim que saí da cabine de imprensa de Superman, a frase de Nina Simone se repetia em minha mente: “O dever de um artista é refletir sobre seu próprio tempo”. Dito isso, finalmente podemos conferir as primeiras linhas do capítulo 1: “Deuses e Monstros” do novo Universo Cinematográfico da DC, com James Gunn no comando. Já adianto que, finalmente, eles acertaram em cheio.
O Desgaste da Fórmula e a Chegada de James Gunn
Não há como negar que a fórmula de super-heróis já andava desgastada desde 2018 e, no caso da DC Studios, já estava em má situação desde Batman Vs Superman que, apesar de uma boa semana de abertura, sofreu bastante com a crítica e a comparação com a Marvel. E, claro, nem vou comentar o capítulo seguinte. Só que em Superman, James Gunn mostrou mais uma vez por que suas produções arrastam uma legião de fãs, não importa o estúdio. O trailer já dava uma pista de que seria uma história que trataria de temas extremamente complexos como consequências geopolíticas, derrota, ambição, opinião pública e redes sociais, deixando a dúvida se seria possível fazer tudo caber em pouco mais de duas horas.
Uma Narrativa Dinâmica e um Herói Renovado
No entanto, o fato de a obra pular a origem do personagem e o ponto de partida da história já começar em meio ao desenrolar do conflito principal fez com que a dinâmica da história parecesse mais viva, tal como quando um amigo te chama para um lugar legal e vai te explicando no caminho. Aliás, nesse filme voltamos a ter um Superman menos sombrio do que na versão anterior, principalmente graças à presença do Krypto, que está no filme muito mais do que um alívio para amantes de animais, e sim como um personagem funcional.
Ação com Propósito e um Início Eletrizante
Aliás, tudo em Superman parece ter uma função que ajuda a história a caminhar, tal como as cenas de lutas dos filmes do James Gunn, que são sempre muito bem coreografadas e não deixam que você perca nenhum detalhe. Por exemplo, o filme abre com o Homem de Aço (David Corenswet) batendo na Terra novamente, desta vez depois de perder sua primeira luta, após enfrentar o martelo de Borávia que foi até Metrópolis porque o meta-humano interferiu em um conflito para salvar inocentes na região. No mesmo plot, vemos o mesmo ser puxado por Krypto até sua Fortaleza da Solidão na Antártida com vários ossos quebrados. Lá vemos uma mensagem incompleta de seus pais kryptonianos. Ao retornar para Metrópolis, vemos Lex Luthor (Nicholas Hoult) e seus asseclas biônicos arquitetando o plano que culmina na surra do Superman como um brinquedo. Em uma cena seguinte, temos Clark Kent no Planeta Diário e, à noite, ele cede uma entrevista para Lois Lane (Rachel Brosnahan) na qual a repórter o indaga se ele entende as consequências de seus atos. Acabo de descrever mais ou menos 15 minutos de filme onde você já consegue vislumbrar os principais tópicos, personagens e ações.
Um Enredo Amarrado e Relevante
Por falar em ações e consequências, o enredo é também um show à parte. Para não estragar a experiência de quem vai assistir no cinema, limito-me a dizer que o filme trafega dentro de três temas principais: o conflito internacional entre dois países fictícios, ataques à imagem do Superman e como ele lida com isso, e os planos de Lex Luthor. Assim, com apenas três assuntos, todas as tramas vão se desenvolvendo ao redor deles até chegar ao ápice do filme, onde milagrosamente todos os pontos se encaixam, dando tempo suficiente para que cada personagem tenha seu papel e o menor dos detalhes seja parte dessa escultura gigantesca.
O Ressurgimento Triunfal da DC
Portanto, após toda a confusão na qual a DC Studios e o grupo Warner se meteram entre 2013 e 2023, Superman literalmente ressurge das cinzas e ganha os céus. Aliás, iniciei essa crítica com a frase de Nina Simone para homenagear o trabalho excelente que James Gunn apresentou nesse filme. Aqui, temos um excelente filme de entretenimento para os que estavam com saudades de histórias de super-heróis que façam jus aos quadrinhos, animações e alguns filmes do passado. Ao mesmo tempo, para aqueles que conseguem entender algumas mensagens sutilmente colocadas no roteiro, é possível perceber que esse filme dialoga perfeitamente com algumas ações que estão ocorrendo neste momento no mundo real. E assim ganha um espaço de destaque ao lado de Mad Max: Estrada da Fúria e Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força, mas isso é assunto para um próximo texto.
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