Muito se fala sobre como Capitã Marvel (2019) só fez seu bilhão de bilheteria por conta da janela de lançamento ter sido perfeita, sendo este o filme que precedia Vingadores: Ultimato (2019) e que tinha o papel de nos apresentar o que poderia ser a virada da balança na batalha contra Thanos.
A verdade é que, de fato, tudo foi muito mal vendido pela Marvel e se somou numa implicância e corrente de ódio contra Brie Larson que além de não fazer o menor sentido, é totalmente exagerada. Brie é um amor de pessoa, uma atriz de sorrisos fáceis e coração enorme que acabou por irritar o pior tipo de público que acompanha filmes de heróis: ele mesmo, o nerdola.
Isso tudo porque ela faz uma personagem de cara amarrada, poucos amigos e que está sofrendo por ter tido sua memória e toda sua família arrancada de seus braços por uma raça alienígena que a usava como uma arma. O que seria o plot perfeito para esse mesmo público se derreter de amores por qualquer homem musculoso numa roupa apertada… Mas curiosamente o que Carol Danvers recebeu foi um hate descomunal.
Alguns anos se passaram e chegamos a The Marvels (2023), um filme que por si só já deixou toda essa massa em fúria antes mesmo de seu lançamento, que sofreu boicote e críticas negativas sem nem ao menos ter tido a oportunidade de ser assistido por essas pessoas. O que é curioso visto que este não só é um dos filmes com mais cara de quadrinhos no MCU na última década, como também se assemelha muito ao estilo de se fazer filmes nas primeiras fases do projeto no cinema — fase essa que fez todo mundo se apaixonar pela Marvel Studios, inclusive.
The Marvels transpira quadrinhos. De verdade! São tantas as referências das revistas de Carol Danvers que deixa qualquer fã da personagem completamente emocionado. Para quem acompanha suas aventuras nas páginas coloridas, é muito divertido ficar reparando cada referência em tela. Mas nem tudo é perfeito, o filme é meio bagunçado, mas sem perder o seu charme em momento nenhum. É delicioso ver a construção de confiança, amor e amizade que vai se estabelecendo entre Carol, Mônica e Kamala.
São quase 2h de emoções em tela o tempo todo, é um filme muito muuuito divertido! Daqueles que você nem sente o tempo passar e quando acaba te deixa com um gostinho de quero mais. E tudo bem que o público também está saturado das obras da Casa das Ideias e desanimado de ir ao cinema, mas se você ignorar aquela pergunta de sempre “do que vem a seguir”, é mesmo delicioso se deixar levar por essas três protagonistas em sua aventura pelo espaço a fora enquanto tentam lidar com o problema das trocas de lugar.
Talvez o maior defeito de The Marvels seja a vilã genérica Dar-Benn, que apesar de ser vivida pela talentosíssima Zawe Ashton, tem a profundidade de um pires e não encanta e nem convence. E olha que toda a ideia para construção da personagem é muito criativa, mas subutilizada. Ela acaba se assemelhando mais a um Malekith em Thor: O Mundo Sombrio (2013), do que aos vilões mais memoráveis do MCU.
No mais, não se deixe levar pela enxurrada de comentários negativos de pessoas que sequer se deram trabalho de assistir esse filme. Por ser contido em si mesmo, ele pode não ser um grande evento como Ultimato ou abrir grandes portas por futuro (além de sua cena pós-créditos que pode deixar alguns na pontinha da cadeira), mas certamente ele é daqueles filmes que te deixam com um sorriso bobo no rosto durante todo o tempo.
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