Em Lamborghini: O Homem por Trás da Lenda, o espectador é transportado para a juventude de Ferruccio Lamborghini até a sua ascensão, fundando uma das marcas de automóveis mais valorizadas do mundo.
O ator Frank Grillo (Soldado Invernal e Uma Noite de Crime), vive o protagonista da história em sua fase mais madura. Ao mesmo que o roteiro não exige muito de Grillo, ele também não se sobressai nos momentos mais dramáticos do longa-metragem.
Dirigido por Robert Moresco, vencedor do Oscar de melhor roteiro por Crash (2004), o filme parece se achar mais relevante do que realmente é. Veja, não é que a história de Ferruccio Lamborghini seja desinteressante, mas acontece que os blocos dessa jornada são tão avulsos, que é difícil de sentir o peso que aqueles momentos merecem.
Dessa forma, o que se vê em tela é um conjunto de cenas que poucas vezes ajudam na progressão narrativa. Trata-se de um longa-metragem de pouco mais de 1h30 de duração que demoram a passar.
Evidentemente, pode ser que fãs de automobilismo se sintam tocados como um momento ou outro, mas ainda sim o filme fica devendo, e muito, com referências visuais que remetem ao valor e a importância da marca Lamborghini.
A ascensão e a queda de Ferruccio Lamborghini
Talvez o exemplo que melhor executou a estrutura de ascensão e queda nos cinemas foi Barry Lyndon (1975), filme dirigido por Stanley Kubrick que conta a jornada de um plebeu irlandês que almeja chegar ao topo e está disposto a tudo para conseguir.
Em Lamborghini: A História por Trás da Lenda, é possível até enxergar a tentativa de fazer um arco de personagem semelhante. No entanto, as escolhas feitas pelo diretor fazem o filme parecer uma paródia de baixo orçamento.
O filme se passa na Itália e é contado em língua inglesa. Isso não é nenhuma novidade na indústria, mas aqui, é importante dizer que o sotaque italiano forçado, por vezes, me tirou da história. Me lembrou, inclusive, como foi com o Casa Gucci (2021), em que o fator sotaque foi pauta justamente pelos exageros.
São gestos e palavras que servem para reforçar que aqueles personagens estão na Itália, mas na prática, mais uma vez, torna a biografia o menos crível possível.
Dessa forma, o filme busca evidenciar que Ferruccio Lamborghini não possuía sorte no amor, na amizade e tinha uma péssima relação com o filho. Contudo, ao desenvolver de forma superficial essas relações, a profundidade do protagonista é perdida e a queda pessoal de Ferruccio sintoniza com a queda de interesse do espectador nessa história.
Escolhas que decepcionam
Nem mesmo a rivalidade com Enzo Ferrari é bem executada. O que se tem sobre isso no filme são cortes de uma disputa entre a Lamborghini e a Ferrari que não possuem nenhuma relação com o restante da trama. Gabriel Byrne dá vida a um Enzo Ferrari monossilábico que até se esforça em entregar mais do que o roteiro delimita.
Por fim, Lamborghini: A História Por Trás da Lenda se mostra um filme raso em tudo que se propõe a fazer. A divisão em capítulos, que geralmente serve para dinamizar o avanço da narrativa, apenas evidencia ainda mais que os recortes escolhidos para contar essa história são puramente gratuitos. Pouco acrescentam para representar a vida de um dos nomes mais emblemáticos do automobilismo.
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