Mais atual do que se pode imaginar!
Malorie, publicado pela Editora Intrínseca em 2020, é a aguardada sequência de A Caixa de Pássaros, obra de grande sucesso de Josh Malerman. Nele acompanhamos a trajetória de Malorie e seus filhos continuando do ponto em que o primeiro livro parou, ou seja, quando eles chegam à Escola para Cegos Jane Tucker.
Confira aqui uma matéria completa e sem spoilers sobre esta nova obra, bem como umas reflexões interessantes que trago para vocês. Vamos lá!
Tensão logo nas primeiras páginas de Malorie
Dois anos se passaram desde que Malorie chegou à escola, local em que se sentia segura. Entretanto, quando até as pessoas de lá sofrem o “ataque” das criaturas, ela se vê novamente obrigada a fugir em busca de um abrigo seguro com seus filhos, que agora têm seis anos.
A protagonista desconfia de que agora as criaturas evoluíram, conseguindo tocar as pessoas e assim enlouquecê-las. Por isso, além da venda, decide que ela e os filhos estarão sempre cobertos da cabeça aos pés.
Então a história dá um salto de 10 anos. Eles conseguem um local seguro para morar, onde passam esses últimos anos, mas ainda assim Malorie mantém regras de segurança bem rígidas, que seus filhos devem obedecer sem questionar.
Tom e Olympia: dons e rebeldia
Tom e Olympia, agora com dezesseis anos, possuem certos dons que ajudam a família a sobreviver no novo mundo. Enquanto Olympia consegue sempre detectar onde estão as criaturas, Tom tem uma super audição: além de conseguir ouvir a distâncias enormes, ele também ouve o que as criaturas fazem ou até o que estão prestes a fazer.
Entretanto, Tom começa a se cansar dos cuidados excessivos de Malorie, considerando a mãe neurótica. Começam, então, os conflitos entre mãe e filho, o que explicará uma reviravolta importante em determinado momento da trama.
Já Olympia é mais tranquila, a mediadora. Apaixonada por livros, ela esconde um segredo muito importante que nos é revelado no final do livro, e que sem dúvidas foi primordial para a sobrevivência deles ao longo dos anos.
Reviravoltas
Certo dia, logo após uma visita inesperada, Malorie e seus filhos têm acesso a registros que, além de conter uma lista com nomes de sobreviventes, revela também que há um trem, chamado de “trem cego”, circulando entre cidades, bem como indica que há uma comunidade de pessoas que estão conseguindo levar uma vida normal.
Ao ler a pesquisa, Malorie faz uma descoberta importante e decide embarcar em uma jornada com Tom e Olympia. E assim partem em busca do “trem cego”.
Nesse meio tempo, Tom lê tudo sobre a tal comunidade, chamada Indian River, e fica obcecado. Decide que quer viver lá, entre pessoas que lutam e buscam formas para viver, ao invés de somente sobreviver.
Reflexões importantes que se aplicam aos dias atuais
Ao ler este livro vocês com certeza identificarão vários trechos que remetem ao que estamos vivendo nessa pandemia.
Em princípio, é dito que Malorie se sente nua sem a venda, e é como pelo menos boa parte de nós se sente sem máscara hoje em dia. Além disso, há também a preocupação constante com um mal que não podemos ver, que age em cada pessoa de forma diferente, bem como a insegurança de encontrar pessoas e de ir para alguns lugares.
Há também uma reflexão sobre os personagens que se cansaram de viver se escondendo e decidiram achar meios de poderem voltar “ao normal”. Isto é algo que temos visto cada vez mais na nossa sociedade. Posso exemplificar com esse questionamento feito à Malorie:
“Diga-me, como você conseguiu se manter assim por tanto tempo? Você age como todos agimos logo que aconteceu, quando elas chegaram. Tem ideia de quantas pessoas não conseguiram se manter focadas como você? Acho que nunca saberemos o número exato. Mas você ainda vive pela venda, só pela venda”.
É bem chocante quando a fantasia encontra a realidade, né?
Últimos detalhes sobre Malorie e uma surpresa
Como Josh Malerman afirma no epílogo, desde o início toda a trama é uma história sobre Malorie. Ele diz que a sequência de A Caixa de Pássaros precisava ser centrada nela, pois este livro não era só uma história apocalíptica, mas também “a história da reação de uma mulher com o mundo que caiu na escuridão”.
Ao contrário do que acontece no primeiro livro, cujo andamento é de tirar o fôlego durante todo o tempo, neste às vezes o ritmo fica um pouco arrastado, mas há sim momentos de muita tensão em que, quando percebi, estava segurando a respiração até que a situação passasse. A partir de certo ponto, isto se repete em vários trechos até o fim!
Agora a surpresa: Malorie também ganhará uma adaptação produzida pela Netflix! De acordo com matéria publicada no site da própria Intrínseca, o autor confirmou que o filme já está em desenvolvimento. Confira a matéria aqui.
Acho que deu para perceber que esta não foi uma aventura literária qualquer. Espero que consigam se identificar e que tenham se interessado em ler e fazer suas próprias reflexões.
Por favor, leiam e compartilhem suas impressões com a gente, nos comentários ou nas nossas redes sociais! Até a próxima 😉
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