O texto a seguir foi uma colaboração do Victor Frascarelli, profissional de Marketing e RP residente em São Paulo que desenvolveu sua carreira na indústria de games. Atualmente, Victor é um dos correspondentes do portal The Esports Observer (TEO). Esse texto foi escrito em fevereiro, guarde essa informação pois será importante para a conclusão.
Há alguns meses entrevistei o diretor de marketing do Palmeiras pelo TEO para perguntar por que o clube não está investindo em esports. Visto que vários outros clubes já têm suas equipes e fazem sucesso com elas, parecia um caminho óbvio para se trilhar, mas até então o Palmeiras não havia se posicionado sobre.
Dentre as explicações, estava o cuidado com a marca “Palmeiras”, pois não gostariam que o desempenho nos esports interferisse no negócio principal do clube, o futebol. Esse cuidado passava também por um receio em licenciar a marca, e por isso, sem poder olhar para uma frente de esports com a dedicação necessária, o Palmeiras não começaria a caminhar nesse caminho por hora.
Na época eu até achei o receio um pouco exagerado, afinal temos modelos de relativo sucesso de licenciamento como a Select e-Sports cuidando do Santos e-Sports, a E-Flix no Cruzeiro, e a Simplicity no Flamengo. Apesar dos percalços, os projetos conseguem manter a marca interagindo com a audiência dos esports.
Onde está o possível problema
O receio palmeirense ficou mais nítido e justificável para mim, no entanto, após alguns acontecimentos recentes no Flamengo, e a compra do licenciamento pela Simplicity ia bem, mas aí alguns fatos começaram a incomodar. 7,5% desse licenciamento foram revendidos para a Redragon em troca de investimentos, e agora a marca foi sublicenciada para a TRT Gaming para que esta administre um time de esports com a marca do Flamengo.
Antes de fechar com a TRT, a Simplicity também teve um contrato com a B4 por um time de Free Fire, criando o Flamengo B4, em outra ação que usa a marca licenciada do time de futebol.
É importante dizer que está previsto que a Simplicity tenha o direito de tomar essas ações mesmo sem consultar o clube, uma vez que é detentora da marca Flamengo Esports até 2023, e também não acho que o pessoal da TRT seja um risco para a marca, nada do tipo. Mas como parte do clube esportivo centenário que emprestou sua marca para outra empresa, eu confesso que ficaria incomodado em ver essas ações.
Enfim, já dou mais razão para o receio do Palmeiras em licenciar a marca. Tem que de fato ser um acordo de muita confiança e feito com muito cuidado. Mesmo que não demande investimentos diretos do clube, um deslize, uma entrevista mal colocada, um erro do licenciado, uma derrota catastrófica, podem trazer prejuízo de marca. Que tenham a calma para encontrar o parceiro ideal assim como outros clubes encontraram.
Conclusão
Como havíamos dito lá introdução, o texto havia sido escrito em fevereiro e que informação seria importante. Pois bem! Logo no início de março uma maré de azar atingiu no setor de eSports do Flamengo. Simultaneamente, o time de Free Fire foi rebaixado para a Série B da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF); no CBLOL, foi surpreendida com quatro derrotas consecutivas. Inclusive, contra os lanterninhas do torneio.
De acordo com o portal GE, declarações no mínimo questionáveis vindas da organização. Jed Kaplan, CEO da Simplicity, empresa que gerencia o time de LoL, chamou as performances flamenguistas de constrangedoras nas redes sociais. Após o rebaixamento da equipe de Free Fire, a conta oficial do Fla eSports publicou que estava atrás de jogadores dignos a vestirem a camisa do clube, além de não se posicionar sobre os ataques racistas feitos a JM777, membro do elenco. Portanto, em menos de quatro semanas, as preocupações descritas por