Após quatro anos do segundo filme do universo expandido de Harry Potter, finalmente chega aos cinemas Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore. Inegavelmente, após o último capítulo o clima era de ansiedade e um leve temor com o futuro da franquia, mas vamos direto a crítica sem spoilers.
O terceiro filme, ocorre alguns anos depois de Animais Fantásticos: Crimes de Grindelwald e dessa vez já posso tranquilizar os fãs. Diferentemente do anterior, que focou bem mais no Grindelwald do que em todo o resto, deixando de lado os animais fantásticos inclusive, aqui o enredo gira em torno de um animal fantástico e os segredos que Dumbledore esconde. Além do mais, graças aos elementos do roteiro, ainda que o filme faça parte de uma saga, este poderia facilmente funcionar isoladamente.
Aliás, um dos grandes acertos do longa são os elementos do roteiro, em outras palavras, os motivos que compõem a trama são inicialmente sensacionais. Como prometi, não irei dar spoiler, mas posso adiantar que as duas primeiras cenas fazem o espectador ficar preso ao filme. Já na primeira, temos uma cena de ação alucinante que mostra a importância do animal fantástico central do filme. Na segunda, trata-se de um diálogo muito bem construído entre Dumbledore e Grindelwald onde é revelado o primeiro Segredo de Dumbledore que diga-se de passagem, muito corajoso o estúdio revelar logo de cara.
Aproveitando o gancho, Mads Mikkelsen já nessa cena mostra uma interpretação espetacular ao lado de Jude Law, a conversa vai de um clima amigável à mortalmente ameaçador sem perder a suavidade. De verdade! Só essa cena vale mais do que boa parte do filme anterior. Outro ponto alto do filme está no elenco, desde os personagens com maior destaque, até os demais se entregaram de cabeça para o projeto. O destaque fica com o Mads Mikkelsen (Grindelwald), Jéssica Willians(Eulalie Hicks), Jude Law (Alvo Dumbledore), Victoria Yeatles ( Bunty) e claro, Dan Fogler (Jaboc).
Infelizmente, o filme apresenta alguns problemas. O primeiro deles é o tempo, embora o roteiro tenha elementos riquíssimos e um elenco com talentos do mundo todo, a execução é arrastada. Com isso, as duas horas e meia de filme parecem uma tarde inteira.
Mesmo tendo cenas de ação com efeitos especiais interessantes, algumas delas e alguns diálogos recebem tanto foco que por vezes você pode esquecer o tema principal da história. Por conta disso, personagens importantes nesta trama, como o da Maria Fernanda Cândido ( Vicência Santos), não recebem a construção que poderiam ter recebido. Enquanto algumas cenas de Ezra Miller (Credence) e Eddie Redmayne (Newt Scamander), ambos com personagens cuja história é conhecida, são tão longas que dá vontade de sacar o controle remoto e acelerar o filme.
Sem contar que depois de se arrastar por quase duas horas, o ritmo do final do filme imprime a sensação de que estão correndo com a história. Antes que eu me esqueça, há um ato específico que ocorre no final que pode gerar dois efeitos no público: de explodir cabeças por ser inesperado ou de total decepção, por conta de um ato importante em um dos filmes de Harry Potter.
Em suma, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore supera o anterior, que mais parecia um longo trailer para esse filme, graças ao roteiro, elenco e a mensagem final. Em contrapartida, conta uma execução arrastada que pode facilmente cansar o espectador em algumas cenas. Outra questão importante é: ainda que tenha muito material e desdobramentos para continuações, o filme funciona perfeitamente isolado dos demais. Talvez isso ainda seja reflexo dos problemas que o capítulo anterior apresentou. Dessa forma, provavelmente, o estúdio esteja esperando o resultado desse filme para dar liberação para possíveis continuações.