Cobra Kai estreou na Netflix em 28 de agosto de 2020 e, mesmo depois de muitas outras estreias, hoje, 24 de setembro, permanece no Top 10 da Plataforma de streaming no Brasil. Na verdade, a série é original do YouTube Red, atual YouTube Premium. Entretanto, foi na Netflix que a saga de Daniel LaRusso e Johnny Lawrence alcançou o sucesso. Afinal, a Rainha do Marketing é mestre em reunir os nostálgicos dos anos 80. Inclusive, se você é um deles vai gostar de ler: Por que a década de oitenta tem influenciado tanto a cultura pop atual?
A saber, Cobra Kai é uma continuação de Karatê Kid – A Hora da Verdade, de 1984. Especificamente, a série se passa mais de 30 anos depois, conservando os personagens – e atores – principais. A saber, Daniel LaRusso é vivido por Ralph Macchio e William Zabka, por sua vez, dá vida a Johnny Lawrence. No entanto, a abordagem agora é totalmente diferente. Afinal, não é mais um duelo de mocinhos e vilões, mas dois adultos que nutrem uma rivalidade não superada e um problema bem grave de falta de comunicação. O que afeta também seus filhos e seus alunos nos respectivos dojos, o Cobra Kai, de Lawrence e o Miyagi-Do, de LaRusso.
Nostalgia e Novidade
Obviamente, o carro-chefe da série é a nostalgia e o clima retrô que tem tomado conta da cultura pop atual. Embora o tempo da série seja contemporâneo aos nossos dias, Cobra Kai têm praticamente toda a trilha sonora composta por músicas da década de oitenta. Além disso, os flashbacks, a curiosidade sobre como estão os atores hoje e as comparações passado-presente surfam no clima saudosista.
Entretanto, não só de passado vive a série. Afinal, são muitos personagens novos com suas próprias histórias, mas que, de certa forma, são afetados pelos problemas de LaRusso e Lawrence, a começar pelos filhos, Samantha LaRusso (Mary Mouser) e Robby Keene (Tanner Buchanan). Além deles, Miguel Diaz (Xolo Maridueña), que acaba sofrendo um grave acidente e Eli/Falcão (Jacob Bertrand), que muda completamente de personalidade, o que se agrava com a influência de John Kreese (Martin Kove).
Afinal, o que Cobra Kai tem para chamar tanta atenção?
É justamente essa combinação equilibrada entre passado e presente, nostalgia e novidade. Tanto é interessante ver Miguel descobrir Guns N’ Roses, quanto é interessante ver Laurence descobrir o Google. Inclusive, Johnny é totalmente preso ao passado e reflete muito os ensinamentos retrógrados que recebeu, principalmente de John Kreese. Ele vive tão isolado em suas amarguras, que mal percebe o quanto o mundo mudou. Por isso, mantém seus termos ultrapassados e sua visão limitada do mundo. É com isso que a série brinca de forma tão envolvente. De fato, o passado tem coisas incríveis para oferecer, mas não dá para viver nele, é preciso evoluir como pessoa e como sociedade.
Por outro lado, também é um ponto curioso não haver um grande antagonista. Os jovens que faziam bulliyng com Miguel não têm relevância suficiente para assumir esse posto. Aliás, tornaram-se inúteis à narrativa depois de apanharem. Robby e Tory Schwarber (Peyton Roi List) são adolescentes confusos que cresceram com pouca demonstração de afeto e estabelecimento de limites. Por isso, vivem na defensiva, considerando que a melhor defesa é o ataque. Nem mesmo John Kreese pode assumir o posto de vilão. Ele é um idoso totalmente falido e obcecado por demonstração gratuita de força. Com isso, se aproveita de mentes fragilizada como a de Eli, que pensa que só existem duas opções: ou você oprime ou é oprimido.
Luz, câmera e muita ação
No fim das contas, embora muitas vezes se irrite com alguns comportamentos dos personagens, a grande expectativa do público não é para que A se dê bem e B se dê mal, mas para que a rivalidade entre LaRusso e Lawrence se resolva e, consequentemente, todas as outras brigas. Porém, enquanto não se resolve, o povo se delicia com as lutas e coreografias super bem feitas dos embates entre o cobra Kai e o Miyagi-Do. Obviamente, as cenas de ação não poderiam faltar entre os motivos do sucesso da série. Afinal, é uma série sobre Karatê.
Como prova de que as cenas de ação são um sucesso, o vídeo da Netflix no YouTube com o shot by Shot da luta na escola atingiu um milhão de views em uma semana. Já a versão legendada em português da Netflix Brasil tem 246 mil visualizações em seis dias. São milhões de acessos em vídeos de teorias, entrevistas com atores, reviews sobre a série, mostrando que, de fato, Cobra Kai é sucesso.
Claro que há uma pequena fragilidade no roteiro, pois a maior parte dos problemas entre Daniel e Johnny acontece por cauda de coincidências infelizes e problemas de comunicação. Entretanto, realmente existe um rivalidade não superada e que pode ser agravar ainda mais com a provável chegada de Ali Mils. E é aquilo, né? O público até quer que todo mundo se dê bem, mas também não abre mão de ver o circo pegar fogo, principalmente com um embate direto LaRusso-Lawrence, que a Netflix deve fazer acontecer. Mas as teorias ficam para um próximo texto. Então, até lá, abelhudo! Ah! Não esquece de comentar com a gente o que você achou de Cobra Kai!