Geralmente, os filmes de suspense que deixam as pessoas desconfortáveis por dias seguem a seguinte trilha de eventos: Tudo estava bem, até que eventos inexplicáveis começaram a acontecer até que algo extremamente sinistro se revelou. Assim, acompanhe o texto para conferir se A Primeira Profecia segue esse modelo ou não.
Margaret (Nell Tiger Free), uma noviça americana chega a Roma ansiosa para fazer seus votos,mas se depara com atividades fora do comum na sua residência Católica em um orfanato . A começar pelo comportamento questionável de outra colega noviça, alguns sustos causados por jogos de luz e câmera e um ar de mistério ao redor de uma criança que passa boa parte reclusa por atacar as demais colegas.
Assim, a trama parece girar em torno de uma criança, chamada Carlita, no primeiro ato do filme. Entretanto, o mesmo segue muito mais uma linha investigativa do que algo sobrenatural, melhor dizendo, o diretor Arkasha Stevenson força a audiência a compreender todo aquele universo com detalhes. Há uma história que escala e alguns belos golpes de composição, ao mesmo tempo em que prepara o cenário para uma narrativa sombria e assim, nasce uma sensação de desconforto.O filme mistura gêneros familiares: o filme de monstros, o terror corporal e o thriller gótico da igreja. Além disso, apresenta uma edição inteligente e com bom ritmo, com um bom olhar cinematográfico.
Conforme a investigação avança, mais perguntas aparecem e o desconforto evolui para aflição quando o padre Brennan (interpretado por Ralph Ineson – A Bruxa) traz informações até então ocultas pela igreja. Então é nesse ponto que “A Primeira Profecia” se destaca, o roteiro apresenta ao público o real motivo do filme está acontecendo e ao mesmo tempo que apresenta parte das respostas para as ações estranhas do primeiro ato, faz você ficar curioso sobre qual rumo o longa seguirá, mesmo que agora, por um caminho mais assustador.
O roteiro foi co escrito por Tim Smith e Keith Thomas que encontraram um caminho interessante para um tipo de história contada várias vezes no cinema e tv. E ao contrário de tantos outros filmes de terror/suspense sobre o diabo, não é tão descaradamente religioso quanto se espera. Aqui, há um argumento crítico no qual coloca o fanatismo religioso como tão perigoso quanto o satanismo ilustrado, uma linha condutora que coloca o filme em uma conversa interessante com outro terror “Imaculada” também liderado por freiras.
A partir daqui “A Primeira Profecia” já entrou na sua mente de uma forma que mesmo com todo aquele desconforto, com tantas perguntas a serem respondidas e um enredo coerente, mesmo cheio de medo, você vai querer saber o final. Como se não bastasse, próximo da conclusão do filme, ainda temos uma reviravolta que o faz querer indicar o filme para todos os amigos que curtem o gênero.
Decidi guardar para o final do texto que “A Primeira Profecia” é na verdade uma Pré Sequência do clássico do terror de 1976, “ A Profecia” e descobrir isso durante a jornada do filme gerou uma experiência muito positiva como espectador. Sem contar que temos a presença sensacional da atriz brasileira Sônia Braga no papel de Irmã Silvia. Em suma, “A Primeira Profecia” é aquele tipo de filme de suspense/terror que te assusta de forma muito inteligente.