O Universo Cinematográfico da Marvel é conhecido por produzir filmes para toda a família. Com isso, subentende-se produções com pouca violência e cenas de ação mais pautadas em coreografias. Entretanto, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura surpreende e eleva o UCM a um novo patamar. Com elementos do terror e ritmo frenético, o filme te prende a cada segundo e faz jus à loucura do título. Dirigido por Sam Raimi, o longa é brilhantemente protagonizado por Benedict Cumberbatch que dá vida a Stephen Strange, além de Contar com Elizabeth Olsen, que deu um show de interpretação como Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate. O filme traz, ainda, Xochitl Gomez na pele America Chavez, Rachel McAdams, como Christine Palmer, Benedict Wong como Wong e Chiwetel Ejiofor como Barão Mordo.
Leia também: Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore – Crítica sem spoiler
The Batman traz a mesma excelência de Coringa e conquista a crítica
Apenas mais um filme de super-herói?
Talvez você não tenha se dado conta disso, mas o Universo Cinematográfico da Marvel já tem 14 anos. A saber, atualmente o MCU conta com quatro fases, tendo 27 filmes e seis séries. Nesse cenário, ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’ tem o desafio de ser o 28º longa num complexo gigantesco de produções. Porém, certamente o desafio é cumprido com maestria, pois o filme consegue ser inovador e surpreendente, mas sem abandonar aquela magia que faz o público entender que está num filme da Marvel.
Parte da inovação se deve à introdução de elementos dos gênero terror. Afinal, em muitas cenas, somos expostos à sensação de perigo iminente comum do gênero slasher. Não obstante, o longa ainda traz temas comuns do horror, como possessão, demônios e mortos-vivos. Isso, com certeza é mérito de Sam Raimi, experiente na área. Até mesmo a aparência final de Wanda Maximoff como Scarlet Witch é, de certa forma chocante. Isso se agrava com o fato de Wanda ser uma personagem bem querida pelos fãs.
Outro ponto bastante peculiar de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é a intensidade. Primeiramente, isso se deve ao ritmo frenético já que mal dá tempo de respirar entre as cenas. Isso, por si, já é surpreendente, pois a Marvel costuma fazer longas introduções. A quebra de paradigmas continua, pois o filme mostra mortes traumáticas de personagens queridos. Não chega ao ponto do sangue escorrendo, mas a violência é mais gráfica do que de costume e ainda há uma pitada de gore.
O que eu preciso assistir antes de ver ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’?
Cada vez mais as produções do MCU funcionam de maneira interconectada. Embora, a maioria dos filmes possa ser visto de modo isolado, na fase quatro o conhecimento de outras obras se torna progressivamente mais importante para se atingir o todo de um filme enquanto telespectador. Porém, se você não tem condições de ver ou rever toda a fase 4, é interessante se atentar a alguns títulos.
Apesar de ter sido Loki a série a introduzir o conceito de Multiverso, é possível assistir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura sem ter visto a produção do Deus da Mentira. Já no caso de What If…, até dá ver o filme sem a série antes, mas a experiência se torna mais completa com o conhecimento prévio de alguns multiversos, em especial do episódio que aborda as emoções de uma das versões de Stephen Strange. Ainda assim é possível assistir o filme sem a série. O mesmo vale para Homem-Aranha Sem Volta Pra Casa, ajuda a entender algumas referências, mas não chega a ser obrigatório.
Na lista de obras imprescindíveis estão, obviamente o primeiro filme do Doutor Estranho e os filmes finais dos Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato. Além disso, o longa é uma continuação direta dos acontecimentos de Wandavision. É a série que mostra o processo de transformação de Wanda Maximoff na Feiticeira Escarlate, antagonista de Multiverse of Madness. Portanto, é muito difícil disfrutar do todo contido em Doutor Estranho 2 sem as referências contidas em Wandavision.
Trama
Mas não só de passado vive Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Afinal, como dito, é um filme inovador. A saber, o longa apresenta uma personagem nova que tem papel bastante importante na trama: America Chavez. Trata-se de uma jovem com uma habilidade muito especial: viajar pelos multiversos. É justamente esse poder que faz com que Wanda se interesse tanto pela garota, uma vez que a Feiticeira Escarlate planeja explorar todas as realidades em busca de Tommy e Billy.
Nesse contexto, cabe a Stephen Strange o papel de protetor de America, pois a menina, apesar de muito poderosa não tem total controle sobre seus dons. Em sua trajetória, Strange conta com seu fiel companheiro Wong, além de outros reforços importantes. Em contrapartida também esbarra com Barão Mordo, seu antigo rival. Porém, como de costume, o Doutor Estranho lida com poderes quase imensuráveis, como a maior feiticeira do mundo sob efeito do Darkhold. Ainda assim, Stephen sempre volta ao ponto de ter como maior desafio controlar a si mesmo, incluindo desejos e sentimentos, até seu amor por Christine Palmer.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura vem para confirmar o meme de que a fase quatro da Marvel é basicamente dor, sofrimento e problemas psicológicos. Os personagens são constantemente confrontados com seus traumas e precisam ver e rever a forma como lidam com eles. Até mesmo a novata América Chavez tem um trauma a enfrentar.
Personagens
Sem dúvidas, Stephen Strange e Wanda Maximoff são os dois personagens mais importantes e complexos na fase 4 do MCU. Tanto a nível de super poderes, quanto a nível de personalidade, ambos são muito valiosos. Wanda é uma jovem perdida dentro dos próprios desejos e sentimentos. De fato, os traumas, o luto, a revolta são perfeitamente justificáveis e fazem dela uma personagem dúbia que circula facilmente entre os papéis de heroína, vítima, mocinha e vilã. De forma louvável, Elizabeth Olsen consegue dar o tom certo a fase e a cada aspecto de Maximoff.
Já Strange não chega a ser tão confuso quanto Wanda, no entanto, está sempre flertando com conhecimentos proibidos e perigosos. A curiosidade peculiar de um cientista, somada ao ego inflado do Mago também são uma espécie de bomba-relógio. Embora seja difícil Strange chegar ao ponto de figurar como vilão, ele pode acabar criando situações que não possa controlar e resultar em incursões de multiversos e ate coisas piores.
O resgate da melhor parte de Strange, fica por conta de America. A menina confia em Stephen e depende dele. O Ex Mago Supremo que tinha o dever de proteger o Sanctum Sanctorum, agora deve proteger uma menina. Se a primeira função dava Strange a sensação de poder, cuidar de America resgata seu lado humano. O mesmo pode se dizer sobre o amor por Christine ou a amizade com Wong.
Afinal, vale à pena assistir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura?
Com certeza! Os amantes de filmes de Super-heróis não vão se arrepender! Porém, mesmo quem não é tão aficionado pelo gênero vai se deparar com uma obra super envolvente. Afinal, o longa é um espetáculo visual, somado a uma trama envolvente, personagens carismáticos e interpretações muito bem feitas.
De fato, há críticas não tão boas sobre filme. Entretanto, é uma prova de que não se trata de uma obra pra “passar batida” com avaliações medianas. Dificilmente as pessoas sairão do cinema sem ter algo a dizer. Então, diga pra gente o que você achou!