Será que franquia ainda consegue nos fazer apertar a poltrona
Ao revisitar a saga “Invocação do Mal”, é inevitável não pensar na máxima presente na música When they come for me – Linkin Park de que “todo mundo quer que a próxima coisa seja exatamente como a primeira”. O filme original de 2013 não apenas redefiniu o terror no cinema para muitos, mas também pavimentou o caminho para uma vasta série de spin-offs e continuações. Contudo, a sombra do primeiro filme, ainda o mais aclamado, paira sobre cada nova adição. A grande questão é: em 2025, “Invocação do Mal 4: O Último Ritual” ainda tem o poder de nos assustar? A resposta, sem rodeios, é um sonoro sim.
A trama mergulha em um dos casos mais infames dos Warrens: a família Smurl. Três gerações assombradas na Pensilvânia, cuja história de possessão os levou a uma notória aparição no programa de Larry King – momento habilmente recriado no filme. Contudo, o roteiro toma liberdades narrativas para conectar os Smurls diretamente aos Warrens, através de um espelho amaldiçoado encontrado pelos investigadores paranormais no início de suas carreiras, poucas horas antes do nascimento de sua filha, Judy (Mia Tomlinson).
Décadas depois, Judy, que herdou as habilidades de clarividência de sua mãe, está à beira do casamento com Tony Spera (Ben Hardy). No entanto, o peso de suas visões a sobrecarrega, e uma entidade maligna a persegue com tal intensidade que nem Lorraine (Vera Farmiga) consegue ignorar. Para o desespero da audiência, somos lançados em um clima de tensão sufocante. Como se não bastasse, Ed Warren (Patrick Wilson) enfrenta seus próprios demônios, sob observação médica e proibido de sofrer outro ataque cardíaco.
Tensão Constante: A platéia não tem Paz
A primeira hora de “Invocação do Mal 4: O Último Ritual” alterna habilmente entre os Warrens e as experiências aterrorizantes dos Smurls. É um jogo de espera onde o terror espreita em cada canto. Mesmo que você se prepare para os sustos, a tensão é tão magistralmente construída desde os primeiros minutos que não há um instante de paz. Você será pego de surpresa, como aquele “Oi” inesperado de um ex no WhatsApp em uma noite fria – você sabe que vai dar ruim, mas não consegue evitar.
O diretor da franquia original, James Wan, retorna com sua maestria em usar a câmera para imprimir uma urgência sombria na narrativa. Michael Chaves, o diretor, demonstra uma melhora notável, entregando sequências visuais impactantes: o rosto ansioso de uma criança refletido em um vídeo caseiro onde uma entidade aparece, o espelho infinito e sinistro de uma loja de vestidos de noiva, e um pôster no porão que, dependendo da luz… bem, é melhor você ver por si mesmo. Embora Chaves por vezes coíba os sustos mais cruciais, como um flashback um tanto forçado entre Lorraine e Judy no confronto final, a atmosfera de terror prevalece.
O grande trunfo do filme reside na construção desse clima de pavor, onde os personagens não tomam decisões estúpidas. Você se identifica, pois nas mesmas circunstâncias, faria o mesmo. Além disso, o fato de que os próprios Warrens estão em risco eleva ainda mais a aposta.
Fé Inabalável em Tempos de Escuridão
“Invocação do Mal” sempre foi uma franquia profundamente enraizada na fé, explorando o aconselhamento cristão dos Warrens. Suas convicções sempre foram a força motriz para enfrentar o mal. Neste capítulo, mesmo com demônios assombrando tanto os Smurls quanto os Warrens, a fé de ambos permanece inabalável, mesmo nos momentos mais sombrios.
Com a difícil missão de encerrar uma das franquias mais influentes do terror recente, “Invocação do Mal 4: O Último Ritual” não apenas atende, mas supera as expectativas. Ele entrega uma atmosfera de terror que remete ao primeiro filme, construindo uma narrativa que o mantém em suspense do início ao fim. Prepare-se para noites sem dormir.