A aclamada série animada da Nickelodeon, Avatar: A lenda de Aang, fez muita gente em 2005 voltar a assistir desenho, afinal contava com uma história tão boa que era difícil não se viciar. No entanto, depois daquela adaptação tenebrosa para os cinemas, do qual só salvo a abertura, quando a Netflix anunciou a série live action Avatar: O último mestre do ar, ocorreu um misto de expectativa alta e um baita receio, principalmente depois que os produtores saíram do projeto. Pois bem, nessa crítica, vamos aproveitar o clima do nosso quadro no Youtube – Rankeando, e analisar os quesitos: adaptação, roteiro, ritmo dos episódios e a primeira temporada.
Diferenças entre Remake e Adaptação
Antes de começar, trago uma boa análise feita pelo site pixelnerd no qual eles explicam a diferença entre adaptação e remake. Apesar de ambos serem dois exemplos de transposições de uma obra de um meio para outro, como de um livro para um filme, ou de um jogo para uma série, na adaptação, há uma maior liberdade criativa para alterar elementos da história original, enquanto no remake, conta com uma maior fidelidade à obra original, mantendo-se o roteiro e o enredo básicos. Dito isso, vale lembrar que Avatar: O último mestre do ar é uma adaptação da primeira temporada da animação que contou com 20 episódios de 20 min, para uma série, em live action com uma temporada de apenas 8 episódios.
Honrar fielmente o desenho ou adaptar o legado Avatar para um público fora da bolha
Precisamos lembrar que a história do Avatar Aang se passa em um período de guerra, logo a adaptação faz o espectador ficar ciente disso desde o primeiro minuto. Assim, vemos a nação do fogo, aproveitando o poder extra do cometa Sozin para dominar os demais reinos de uma forma violenta. Aliás, ter iniciado a série numa sequência cronológica dos fatos foi uma escolha criativa surpreendente e acabou dando um tom sombrio à adaptação. Apesar de alguns fãs não terem curtido tanto, foi coerente com o cenário de guerra e dominação que a nação do fogo emplacou sobre os demais. Dessa forma, culminou tanto na importância do retorno do Avatar o mais rápido possível, quanto no peso que Aang, mesmo sendo uma criança, teria. Portanto, diante desse cenário, a escolha de reduzir as cenas de um Aang mais brincalhão faz sentido aqui.
A adaptação de Avatar e o equilíbrio entre cortar histórias e adicionar mais camadas
Agora, pensa na complexidade de criar um roteiro para oito episódios de uma história que foi contada em 20? Então, obviamente, durante o processo de adaptação, sendo coerente o senso de urgência aplicado aos primeiros minutos do episódio piloto, todas as histórias que não faziam a trama principal avançar foram removidas. Mesmo cada um dos episódios tendo um tema central, tal como um episódio de um livro, com tramas bem desenvolvidas, analisando a experiência dos 8 episódios, talvez os únicos episódios que destoam dos demais são os episódio 3 – Omashu e o episódio 4 – No escuro, isso porque na tentativa de adaptar o arco de Omashu, do grupo dos dobradores de terras mercenários (Jato) e dos túneis subterrâneos, ao mesmo tempo, pode causar uma sensação de cansaço por ser muita informação dentro de apenas dois episódios.
Aang e a sua Jornada: Os Episódios que surpreendem
Já os demais episódios fluem de uma maneira mais suave, mesmo adaptando alguns arcos complexos. Por exemplo, no episódio inicial, começa com o cometa de Sozin, apresenta a expansão da nação do fogo de forma cruel, você conhece a relação dos mestres do ar com Aang, a fuga do Aang, o ataque ao templo do ar em cerca de 20 min de sequências dinâmicas. Como se não bastasse, ele ainda consegue cobrir o enredo de 3 episódios da animação de deixando bem impactado com a fotografia e com a história. Agora, os dois episódios que superam as expectativas são os episódios 6 – A Máscaras e o 8 – Lendas.
Em “As Máscaras”, além de adaptar os episódios Solstício de Inverno Parte 2: O Roku e Espírito Azul de forma tão espetacular que nem parecem que os dois nem são sequenciais na animação, trouxe um elemento que nem mesmo o desenho desenvolve bem: O Agni Kai do Zuko vs Osai (seu pai e senhor do fogo). Enquanto no desenho, tudo parece ocorrer pelo fato de Zuko ter apenas agido de forma desrespeitosa em uma reunião, aqui o príncipe da nação do fogo age para defender o que ele achava ser o certo, o que acaba ligando a sua história com a da sua tripulação que o acompanhava na caçada do avatar. Sem contar, que apesar de alguns não terem gostado, Osai, mesmo tendo aquela personalidade de dominar e destruir, apresenta um certo lado paternal em relação a Zuko.
Conclusão Épica: Análise do season finale de Avatar e perspectivas futuras
E o que falar do Season Finale, hein? O episódio 8 – Lendas, surge como todos os elementos que um final de temporada precisa ter. Aqui vemos o ápice de todas as discussões, evoluções e consequências construídas nos sete episódios anteriores: Conflito, Expansão da nação do fogo, mundo espiritual, papel do avatar.
Katara em Foco: Evolução de uma Personagem
Aliás, aqui vai uma percepção pessoal sobre a Katara, nesse episódio curiosamente vemos nela a mesma personalidade que a personagem tem nas animações, confesso que na primeira vez que assistir a série, como fã, a diferença de personalidade das duas me incomodou bastante, mas ao assistir pela segunda vez, agora como a responsabilidade de escrever essa crítica, acredito que os produtores da série decidiu ir construindo a personalidade da Katara que a gente conhece graças aos eventos desta temporada. Outro ponto que poucos notaram foi que nesse episódio o General Zao cita as tartarugas leão, seres mitológicos muito importantes tanto pro universo avatar, quanto para atos que acontecerão apenas nas temporadas a seguir.
Efeitos Especiais e Mundo Espiritual: O Impacto Visual da Adaptação
Agora, parabéns para equipe de efeitos especiais, seria redundância falar que uma parte do episódio foi ápice, afinal todo episódio serviu com esse propósito para a série, no entanto, o arco que aborda os espíritos da Lua e Oceano foi feito de uma forma tão sensacional que está no mesmo nível de um blockbuster de cinema.
A forma como eles usaram as cores para ilustrar o desequilíbrio entre o mundo espiritual e mundo real, supera de braçadas aquela cena de Thor : Amor e Trovão e se aproxima e muito da cena da arena em Duna: Parte 2. Sem contar os efeitos usados nas cenas do espírito do oceano são tudo aquilo que os fãs da animação sonharam quando foi anunciada a adaptação em live action.
Veredito Final: Avaliando o legado da adaptação de Avatar: O Último Mestre do Ar
Seguindo para o final desta crítica longa, o fato da série ter antecipado o arco da Azula (irmã de Zuko) foi um dos maiores acertos da adaptação, uma vez que já iniciaremos as próximas temporadas já sabendo que ela não poupará esforços para capturar o avatar. Portanto, a adaptação de Avatar: O último mestre do ar segue sendo uma das melhores produções feitas pela Netflix, mesmo não tendo agradado alguns fãs da animação.