Quando a toada soar e os cânticos folclóricos, com tambores, e o ritual se iniciar na noite de hoje, 27 de Junho, no Bumbódromo, estará aberta a temporada de 3 dias de festa em Parintins, Amazonas. O Maior festival folclórico do mundo começa. Em 3 noites, a torcida dos bois Garantido e Caprichoso vão dar um show na arena, e mostrar que estão dispostos a conquistar o título do Festival de Parintins essa ano.

A Ilha e os atrativos do Festival
Parintins, ilha localizada no arquipélago de Tupinambarana, a 370 km de Manaus, vive há mais de 58 anos a tradição da festa dos Bois, marcada por muita rivalidade. A disputa transforma a cidade em dois territórios: o azul do Caprichoso, boi campeão nos últimos 3 anos, e o vermelho do Garantido. Nessas cores, a paixão pelo bumbá toma conta de ruas, famílias e suas tradições.

O festival é composto por elementos como a música, o ritual, o auto do boi, o apresentador, a cunhã-poranga, a sinhazinha, o porta-estandarte, o levantador de toadas, o amo do boi, a marujada, o pajé, o caboclo de lança, os guardiões do boi, a batucada, as alegorias e os adereços, a porta-bandeira, os fogos de artifício e as fanáticas torcidas organizadas.
O folclórico e histórico embate entre os bois
Em Parintins, a paixão pelos bois Garantido e Caprichoso tradicionalmente dividiu a cidade: o Boi Garantido dominava a parte baixa, enquanto o Boi Caprichoso prevalecia na área central. Embora essa divisão física tenha se flexibilizado com o tempo e a convivência entre as famílias, a rivalidade das torcidas permanece forte. Bairros como a Francesa vibram com o azul do Caprichoso, enquanto a Baixa do São José pulsa com o vermelho do Garantido.
Essa dualidade entre azul e vermelho se manifesta visivelmente em toda a cidade, desde faixas de pedestres e bancos de praça até calçadas e placas de sinalização. Essa intensa divisão de cores e paixões atinge seu auge durante a semana do Festival de Parintins, transformando a ilha em um espetáculo de rivalidade cultural.
Caprichoso: O Boi azul fundado por irmãos
O Boi Caprichoso, também conhecido como o “Boi Negro de Parintins”, é uma das duas grandiosas agremiações folclóricas que competem anualmente no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. Fundado em 1913 pelos irmãos Cid (Roque, Antônio e Pedro), de origem cearense, o Caprichoso tem como cores oficiais o azul e o branco, e seu principal símbolo é uma estrela azul na testa. Seu curral, o Zeca Xibelão, fica no bairro da Francesa, uma área majoritariamente azul e branca na cidade.

A rivalidade com o Boi Garantido (vermelho) é um dos pilares do Festival, dividindo a cidade e seus moradores em uma paixão intensa que transcende as apresentações. O Boi Caprichoso é conhecido por suas performances que misturam a cultura popular amazônica com inovação e grandiosidade, utilizando alegorias gigantescas, figurinos elaborados e uma potente bateria, a Marujada de Guerra.

O Boi Caprichoso é o segundo maior campeão do festival, com 26 títulos. O último, conquistado em 2024, sacramentou o 2º tricampeonato da história. (O primeiro foi no triênio 1994-1996).
Garantido: O Boi do Coração e Parintins
O Boi Garantido, carinhosamente conhecido como o “Boi da Baixa” ou o “Boi do Coração”, é a outra grandiosa agremiação folclórica que compõe a rivalidade histórica do Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. Fundado em 1913 por Lindolfo Monteverde, o Garantido se destaca por suas cores oficiais vermelho e branco, e seu símbolo marcante é um coração vermelho na testa. Seu curral, a Cidade Garantido, localiza-se na Baixa do São José, uma região que pulsa com a paixão vermelha e branca na cidade de Parintins.

A rivalidade com o Boi Caprichoso (azul) é o cerne do Festival, alimentando uma competição cultural intensa que mobiliza a população da ilha. O Boi Garantido é celebrado por suas apresentações grandiosas que honram a cultura amazônica e as lendas locais, incorporando alegorias imponentes, fantasias ricas em detalhes e a energia contagiante de sua bateria, a Batucada.
O Boi Garantido é o maior campeão do Festival de Parintins, com 32 vitórias. Mas já enfrenta um jejum de 5 anos sem vencer. Em 2020 e 2021 por conta da paralisação ocasionada pela pandemia da COVID-19, e nos últimos 3 anos, por conta das vitórias do boi Caprichoso. O boi Garantido é único a ter um pentacampeonato no Festival, vencendo de 1980 à 1984. 4 vitórias sobre o boi Garantido e 1 sobre o boi Campineiro (vamos falar mais dele, em outro momento).

O Festival em 2025
No Festival de Parintins de 2025, cada boi traz um tema central que guiará suas apresentações, permeando as alegorias, toadas, figurinos e coreografias. Vamos conhecer ambos os temas, abaixo.
Boi Caprichoso: O boi azul e branco apresenta o tema “Cultura, o Triunfo do Povo” ou “É Tempo de Retomada”. O Conselho de Arte do Caprichoso, através de Ericky Nakanome, descreve a proposta como um manifesto da cultura popular pela vida, um chamado para retomar práticas antigas e curativas, buscando uma perspectiva decolonial dentro da tradição do festival. A segunda noite, por exemplo, irá “além do encantamento”, e a terceira noite, “Retomada pela Vida”, encherá a arena com o verde das florestas e da vida que recomeça.
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Boi Garantido: O boi vermelho e branco leva para o Bumbódromo o tema “Segredos do Coração” ou “Boi do Povo, Boi do Povão”. O Garantido aposta na força da tradição e da identidade amazônica. O presidente Fred Góes explicou que o projeto busca “virar a chave” e reconduzir o boi ao caminho das vitórias, com um compromisso de seriedade, inclusão e representação cultural. A primeira noite do Garantido será “Somos o Povo da Floresta”, enquanto a segunda noite, “Garantido, Patrimônio do Povo”, homenageará as expressões culturais do Brasil e os povos tradicionais como patrimônios vivos.
A transmissão acontece para todo o Brasil
A transmissão oficial do Festival de Parintins 2025 é feita pela TV A Crítica, emissora local do Amazonas. Já na internet, para que não pode estar presente na arena, a transmissão é feita em 4K, tanto pelo canal oficial da TV A Crítica no Youtube (@TVACrítica), pelo site da emissora e pelo aplicativo A Crítica Play, disponível em dispositivos Android e iOS. As transmissões iniciam nas três noites do festival (27, 28 e 29 de junho) a partir das 21h no horário de Brasília (20h no horário de Manaus).
