A Bruxa Má do Oeste está morta! É assim que Wicked inicia, com uma cena que poderia perfeitamente fazer parte do clássico O Mágico de Oz. No entanto, apesar de se basear no universo da história de Dorothy, a trama toca na jornada da garota apenas nos minutos iniciais. Transformada de um best-seller em um musical de sucesso, a história não contada de uma das primeiras vilãs da cultura pop conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo. Mas, em um ano marcado por surpresas como DivertidaMente 2 e fracassos como Coringa 2, onde Wicked se posiciona?
O que é Wicked? O resumo da obra que faz uma releitura de Oz
Em 1995, o escritor americano Gregory Maguire lançou o livro Wicked, propondo uma releitura do universo de O Mágico de Oz. A premissa da obra nasce de uma pergunta instigante: E se a Bruxa Má do Oeste não fosse a verdadeira vilã da história? Com isso, Maguire ousou apresentar uma versão radicalmente diferente do conto que conhecemos.
No centro da trama está Elphaba, uma criança nascida com pele verde e um dom extraordinário para a magia, que havia se tornado escassa em Oz. Mesmo assim, ela enfrenta rejeição social e a responsabilidade de cuidar da irmã mais nova, Nessa, que é cadeirante. Quando Elphaba ingressa na Universidade de Shiz, conhece Galinda (futura Glinda, a Bruxa Boa), uma jovem charmosa e popular. A amizade improvável entre as duas se torna o ponto de partida para uma narrativa que questiona o conceito de bem e mal.
Enquanto O Mágico de Oz aborda a história sob um tom infantil, Wicked adota uma narrativa mais adulta e sombria. O sucesso do livro levou à criação de um musical da Broadway, que alcançou tanto ou até mais prestígio que o original. De acordo com o portal Darkside, o musical foi um sucesso instantâneo. Embora a maioria das produções leve de dois a três anos para recuperar seus custos, Wicked alcançou tal feito em apenas 14 meses, além de receber 10 indicações ao Tony Awards. Idina Menzel (Elphaba) e Kristin Chenoweth (Glinda) foram indicadas como Melhor Atriz, com Menzel levando o prêmio.
Uma Experiência Cinematográfica Única
O filme segue a estrutura do musical, dividido em duas partes, ao mesmo tempo em que incorpora discussões mais densas do livro. Já na abertura, somos impactados por uma cena marcante: os moradores de Oz celebram grotescamente a morte da Bruxa Má, revelando o preconceito e a falta de empatia enraizados na sociedade. Até mesmo Glinda tenta lembrar que a bruxa teve uma família e uma infância difícil como muitos ali.
Cynthia Erivo Brilha como Elphaba
Quando o filme revisita as memórias de Glinda, finalmente conhecemos Elphaba em maior profundidade. Aqui, destaco a atuação brilhante da britânica Cynthia Erivo. Logo em suas primeiras cenas, sua presença magnética domina a tela, mesmo diante da hostilidade velada que sua personagem enfrenta ao chegar à Universidade de Shiz. Sua performance vocal é impressionante: Erivo alterna suavemente entre tons delicados e explosões de potência em poucos segundos, como um motor perfeitamente calibrado. Além disso, sua habilidade de expressar uma gama de emoções – da vergonha à altivez, da vulnerabilidade à alegria – é de tirar o fôlego. Como descreveu perfeitamente o THR, seus olhos são uma janela expressiva para a vida de mágoa e exclusão ou orgulho e raiva desafiadores do personagem.
Ariana Grande Surpreende como Glinda
Outra performance notável é de Ariana Grande como Glinda. Apesar de mundialmente conhecida como diva pop, Grande retorna às suas raízes teatrais com uma entrega surpreendente. Sua veia cômica traz leveza ao tom sombrio da história, enquanto sua interpretação respeita e aprofunda a complexidade da personagem.
A Direção de Jon M. Chu Transforma Oz em um Mundo Encantador
Sob a direção de Jon M. Chu, também responsável pela adaptação de Em um Bairro de Nova York (In the Heights), o filme transpõe o encantamento dos palcos para o cinema de forma magistral. Um dos destaques é a baixa utilização de CGI, o que confere uma qualidade tátil e deslumbrante aos cenários. Embora seja uma fantasia, essa escolha evita a sensação de artificialidade, proporcionando um visual que cativa sem cansar.
Veredito
Para ser justo, minha avaliação considera duas perspectivas: a dos fãs do musical ou do livro e a daqueles que conhecem Wicked pela primeira vez através do cinema. Os fãs dificilmente encontrarão defeitos: o filme combina a magia do musical com o lado sombrio do livro, enriquecido por um elenco excepcional e cenas memoráveis. Já para o público estreante, o filme pode parecer longo, especialmente devido ao ritmo mais lento da segunda metade. Enquanto a primeira parte equilibra perfeitamente narrativa, desenvolvimento de personagens e músicas, a segunda metade apresenta uma montagem que dilui um pouco o impacto do clímax.
Em resumo, Wicked oferece uma experiência marcante para ambos os públicos, garantindo seu lugar como uma das surpresas cinematográficas de 2024.