É muito comum que tenhamos ganchos nas produções. Apesar de isso ter se popularizado por ser um algo episódico, fazendo assim com que as pessoas se prendam novamente à cadeira naquele mesmo horário no dia seguinte, a coisa tem se expandido de forma perigosa. Esperar pelo próximo episódio, é uma coisa folhetinesca, gostamos disso. É uma pausa, um respiro. Com menos de 24h se pensarmos em novelas, 7 dias, falando de séries… E com avanço do streaming… Uma ida ao banheiro.
O Demolidor veio com quase tudo
Vamos começar com “Demolidor – Renascido”: Série com uma pegada muito acima de diversas séries de ação, séries da HBO, e que tem como antecedente, ótimas três temporadas na Netflix. Bom, a versão do “demônio de Hell’s Kitchen” para o Disney Plus, não perdeu profundidade, muito menos o andamento de seus episódios. Mas fraquejou na sua session finale, ou melhor, no seu último episódio. Coisa que em todas as três temporadas da Netflix, foram finais épicos e com muita ação e confrontos justificados, a Disney conseguiu tornar uma verdadeira “coca-cola”: Só pressão.

O público esperava o Demolidor em sua forma mais brutal, respondendo ao aperitivo do episódio de estreia da série, defendendo a cidade de Nova York do seu agora prefeito, Wilson Fisk, mas o que vimos, foi um Matt Murdock recuar, assinar mais alguns papéis, e soltar toda a sua ira na próxima temporada. Não que não faça sentido, mas a preparação foi rasa. Tínhamos um episódio com o retorno da dupla Castle-Murdock, que sucumbiu pela prisão de um e o passo atrás de um vigilante absolutamente implacável. Ou talvez nem tanto na casa nova.
Ok, a temporada foi excelente. Mas essa “deixa”, foi difícil de engolir. Inclusive, não desencorajando ninguém a ver a série. Temi pelo pior, mas a temporada é absolutamente coerente, interessante e muito inteligente. Só faltava fechar com chave de ouro, e para cima. Mas, vamos esperar pela força tarefa desses defensores (se é o que todo mundo espera).
Nasce uma série de sucesso que pode ter se perdido no enredo
Descendo um pouco mais dentro do mesmo streaming, aquele do Mickey, encontramos o suspense politico: “Paradise”. Protagonizada por Sterling K. Brown, famoso por “This is Us”, e com destaque para James Marsden, eterno Ciclope da Fox (e agora da Marvel), a série constrói uma trama perfeita sobre a investigação de assassinato do então Presidente dos Estados Unidos.

Só que não nos Estados Unidos, nem em qualquer outro lugar conhecido do mundo. Sério. Você vai gostar. Criada por Dan Fogelman, foi lançada no Hulu na terra do Tio Sam, mas por aqui, chegou pelo completíssimo Disney Plus. A série vai se desdobrando, com ganchos excepcionais, e atuações convincentes. Chegamos até o último episódio, e mais uma vez… Vamos deixar tudo para a próxima temporada?
Em “Paradise”, isso faz tão sentido quanto em “Demolidor”, mas ainda assim, uma série com episódios tão interessantes, curiosos, não guarda nada para o seu grande final, apenas uma boa ideia do que podemos ver na vindoura segunda temporada.

Produções com histórias abertas por anos
Esse tem sido um problema recorrente dos enlatados, digo, produtos americanos. As temporadas que antes eram fechadas, entregando algo novo nas suas novas temporadas, hoje, desdobram uma única história em diversas temporadas, fazendo com percam força, características (mudanças na direção, roteiro, fotografia), e fiquem abaixo das expectativas.
Temos um público muito exigente na audiência hoje em dia. Em qualquer lugar do mundo, os espectadores vão para a internet e criam suas críticas, e o tribunal das redes sociais segue julgando, pontuando e avaliando na infinidade dos comentários de determinada postagem. E essa não é uma exclusividade da Disney.
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Outras séries sofrem do mesmo problema
Na HBO, a última temporada de “House Of The Dragon”, foi um prelúdio da terceira temporada. Depois de uma temporada inicial impecável, a segunda temporada da série criada por Ryan J. Condal e George R. R. Martin, se arrastou durante 8 episódios, para entregar uma grande 3ª temporada (assim esperamos). Alguns dizem que a greve de roteiristas, obrigou o andamento lento da temporada, outros apenas aceitam que foi uma temporada intermediária.

Poderia citar diversos outros exemplos polêmicos de séries que fazem ou fizeram isso recentemente, mas é importante frisar, que estou falando de 3 produtos que tem a satisfação de seu público, mas na minha opinião, pequenos detalhes, como histórias arrastadas e episódios finais que não atingem as nossas expectativas, jogam cada vez mais o interesse do telespectador lá embaixo.
Que histórias fechadas possam voltar a aparecer, com proposta definida, e resolução ainda que impactante, feita dentro de suas temporadas. Sem decepção. Sem enrolação. Sem deixar para o ano que vem. Ou para outro, para daqui há dois, três anos…