Já se passaram sete anos desde que Foster The People lançou seu último álbum completo, e os fãs aguardaram ansiosamente o retorno da banda. Com o lançamento de Paradise State of Mind, Foster The People provou que a espera valeu a pena. Após um período marcado por singles e EPs, a banda, agora reduzida a um duo, criou um álbum que recupera a energia e a faísca criativa que os tornaram famosos. Embora a popularidade da banda tenha oscilado desde o sucesso inicial em 2011, este novo lançamento soa como um verdadeiro renascimento.
De Volta às Raízes, mas com um Toque Moderno
O sucesso inicial de Foster The People com Pumped Up Kicks estabeleceu um padrão elevado para hits indie-pop que misturam melodias cativantes com letras mais sombrias e introspectivas. Paradise State of Mind retorna a essa fórmula, mas com uma abordagem fresca. Em vez de simplesmente revisitar glórias passadas, o álbum explora novos territórios sonoros, incorporando elementos de disco e funk, gêneros que ganharam força nas tendências pop recentes. No entanto, ao contrário de muitos artistas que adotam esses estilos em busca de sucessos nas rádios, Foster The People consegue integrar essas influências de forma natural em sua música.
O resultado é um álbum que soa tanto nostálgico quanto inovador, combinando grooves dos anos 70 com uma produção futurista. A banda equilibra faixas animadas com letras que, frequentemente, carregam um tom mais profundo, às vezes distópico. Esse contraste é uma marca registrada do som deles e permanece um ponto forte em Paradise State of Mind.
Faixas de Destaque
O álbum começa com See You In The Afterlife, uma faixa politicamente carregada que lembra Daft Punk. As letras de Mark Foster, que abordam questões contemporâneas sem assumir uma posição específica, definem o tom de um álbum que é tanto reflexivo quanto instigante. A melodia cativante da faixa disfarça seu conteúdo sério, tornando-a um comentário eficaz sobre o mundo moderno.
Lost in Space continua nessa linha, mas com uma melodia ainda mais envolvente, enquanto Take Me Back desacelera o ritmo e mergulha no R&B clássico. Esses singles são apenas uma amostra da amplitude do álbum, mas as verdadeiras joias estão nas faixas mais profundas. Um destaque é Feed Me, que combina um groove à la Jamiroquai com interlúdios orquestrais inesperados. É uma das faixas mais ousadas de toda a discografia da banda, mostrando sua disposição em experimentar.
Justamente quando o álbum corre o risco de se tornar previsível, Foster The People lança uma surpresa com Glitchzig, uma faixa cheia de efeitos experimentais e um inesperado solo de saxofone jazzístico. Esse momento de risco criativo pode não agradar a todos, mas acrescenta uma imprevisibilidade revigorante ao álbum. Quando os ouvintes retornam aos sons mais familiares da faixa-título, os elementos experimentais anteriores proporcionam uma nova apreciação pela composição do álbum.
Um Novo Capítulo
O álbum fecha com A Diamond to Be Born, uma faixa que encapsula a capacidade da banda de criar finais atmosféricos e emocionalmente ressonantes. Assim como III, do álbum anterior, A Diamond to Be Born é repleta de efeitos, mas soa mais refinada, mais intencional. A música gradualmente se desacelera, com seções que ficam cada vez mais curtas, criando a sensação de tempo desacelerando – uma metáfora adequada para a jornada da banda nos últimos anos. É uma canção que perdura, fazendo com que o ouvinte deseje que ela durasse um pouco mais.
Um dos aspectos mais impressionantes de Paradise State of Mind é como Foster The People consegue misturar seu som característico com influências modernas sem soar derivativo. A banda atinge um equilíbrio delicado entre ambição e contenção, criando um álbum que soa expansivo e coeso. Enquanto as influências do disco, funk e psicodelia são evidentes ao longo do trabalho, a banda nunca cai na armadilha da autoplagiação. Em vez disso, eles enfatizam o que os tornou únicos desde o início, enquanto também empurram seu som para novos territórios.
Conclusão
Paradise State of Mind é um retorno triunfante para Foster The People. Após anos de incerteza e mudanças na formação, a banda encontrou seu caminho novamente. O álbum pode não ser perfeito, mas sua mistura de antigo e novo, sua disposição em correr riscos criativos e sua energia contagiante fazem dele um destaque em seu catálogo. Fãs do trabalho anterior da banda encontrarão muito para amar aqui, enquanto novos ouvintes serão atraídos pela produção moderna e fresca.
No fim, Foster The People criou um álbum que soa tanto familiar quanto novo, ambicioso sem ser pretensioso e, o mais importante, divertido. Paradise State of Mind não é apenas um retorno à forma; é um passo ousado à frente.
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