Esse é só o começo de Duna
Duna faz parte daquele grupo de filmes adiados por conta da pandemia, mas que já eram bem aguardados pelos fãs. E, assim como outras franquias adaptadas de livros de sucesso, como Jogos Vorazes, Harry Potter e O Senhor dos Anéis, empolgou os seus leitores. Além deles, quem não conhecia e assistiu ao trailer também compartilhou o sentimento. Talvez seja esse o segredo que pode alavancar Duna como uma grande promessa de franquia épica.
A primeira grande surpresa vem nos primeiros minutos do filme com um grande “Primeira Parte” logo abaixo do título. Sim, sabemos que essa a informação de que Duna pudesse ser uma franquia já estava circulando pela internet. No entanto, a mesma não estava nos trailers ou material de divulgação. Dessa forma, o terreno é preparado para que você já se acostume com a ideia de que a história será desenvolvida em outros filmes, o que foi um acerto do longa.
Como dissemos no início, o longa dirigido por Denis Villeneuve tem tudo para ser algo épico e o enredo dá indícios disso. Duna é uma adaptação da ficção científica de Frank Herbert, de 1965, com uma história de poder, traição e assassinato ambientada em um futuro distante.
O enredo gira em torno do material, chamado melange, que possibilita as naves viajarem na velocidade da luz entre as estrelas tendo, assim, um império intergaláctico. No entanto, há alguns problemas. Em primeiro lugar, ele só pode ser encontrado no planeta desértico de Arrakis. Além disso, o planeta é o lar de uma raça de vermes da areia enormes e mortais. Como se não bastasse, há uma guerra política tão complexa e perigosa quanto os problemas anteriores.
Resumidamente, a primeira parte de Duna ocorre quando a Casa dos Atreides recebe a liderança de Arrakis do Imperador Padishah Shaddam IV, governante soberano do universo. Mas como Shaddam realmente vê a Casa Atreides como uma ameaça e, no estilo Game of Thrones, decide conspirar com a Casa Harkonnen, que estava encarregada de colher especiarias em Arrakis, para destruir a família.
Assim começa a história do protagonista Paul Atreides (Timothee Chalamet), o herdeiro aparente da Casa Atreides, enquanto ele navega pela transferência de sua família para Akkrais, a traição do imperador Padishah e sua assimilação pela população nativa do planeta. Aliás, vale dizer que a trama dele é um perfeito exemplo da jornada do herói e, assim como toda a história da primeira parte, é muito bem desenvolvida e resolvida já na primeira parte. Inclusive, a menos que você já tenha lido o livro, fica difícil de saber se ele seguirá como messias ou vingador da sua casa.
Outro ponto alto de Duna fica com a sua fotografia. Cada detalhe dos cenários parecem ter sido pensado para causar uma imersão na história, principalmente a escala. A impressão que dá é que a todo momento somos lembrados como somos pequenos dentro daquele universo (ainda mais para quem for assistir na sala Imax). Talvez, se não fosse a complexa trama que está sendo apresentada, ficaria a dúvida se a ideia era mais impactar do que entreter. Em outras palavras, o efeito “Prometheus” não ocorre aqui.
Embora a história seja bem desenvolvida, Duna tem seu próprio tempo. Ou seja, algumas pessoas podem achar o ritmo do filme um pouco lento e, por vezes, tedioso. Diferentemente de alguns blockbusters dos últimos anos, cada ação do filme tem um tempo diferente de reação e cada arco de personagem tem seu próprio tempo de desenvolvimento. Por essa razão, quando a ação acontece, ela pode te envolver completamente se estiver atento à história.
Portanto, Duna – Primeira Parte é um bom convite para uma história épica que tem seu próprio tempo de execução com muito potencial para boas sequências nos próximos anos. Ainda que a Warner não tenha confirmado a continuação, o último ato deixa aquela vontade de assistir mais sobre esse universo.
Em cartaz: confira também a crítica do filme “O Último Duelo” aqui no Kolmeia.