Diretamente do subúrbio do Rio de Janeiro
No dia 8 de março não é apenas um marco no calendário feminista, mas também um palco para celebrar a longevidade e a vitalidade do Charme, uma manifestação cultural que floresceu nos subúrbios do Rio de Janeiro. Em 1980, em uma noite de sábado, no Clube Mackenzie, no Méier, o DJ Corello apresentou ao público uma nova sonoridade, um R&B mais lento e sofisticado, que logo se tornaria a marca registrada do Charme. A música “Before I Let Go” de Maze Ft. Frankie Beverly, foi a primeira “pedrada” que Corello tocou para o público.
O Nascimento de um Ritmo e de um Estilo
O que Corello apresentou naquela noite era algo novo e diferente do que reinava nas pistas de dança da época. O ritmo mais cadenciado permitia uma dança coletiva, com passos coreografados em fileiras, e uma pegada sexy que conquistou o público. O Charme também se tornou um símbolo de autoestima para a comunidade negra, que encontrou na elegância e na sofisticação do estilo uma forma de expressão.
A Evolução do Charme: Do Subúrbio para o Mundo
Ao longo de 45 anos, o ritmo se consolidou como uma manifestação cultural genuinamente carioca, que se espalhou por outras cidades do Brasil e conquistou o reconhecimento internacional. A música charme, evoluiu e se adaptou aos tempos, incorporando novas sonoridades da black music contemporânea, sem perder a sua essência local.
O Charme na Era Moderna: Um Fenômeno Global
Hoje, este não é mais uma pequena comunidade underground, mas um movimento vibrante e reconhecido mundialmente. Artistas como Bruno Mars, Ne-Yo, Mariah Carey e Beyoncé já se renderam ao ritmo contagiante do Charme, e o Brasil se tornou um ponto de parada obrigatório para as turnês de R&B na América do Sul.
O Charme é um testemunho da força da cultura negra e da capacidade de inovação e adaptação. É uma celebração da música, da dança, da moda e da identidade, que continua a inspirar e a unir pessoas de todas as origens.
Esse texto foi baseado no artigo feito por Marcelo Barbosa Santos – Marcell DJ (Historiador – UFF, Mestre em Educação – UERJ e Doutor em Política Social – UFF) e Carlos Alberto Medeiros (Escritor, Jornalista UFRJ, Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais – UFF e Doutor em História Comparada – UFRJ